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terça-feira, 30 de abril de 2013

Documentário - Mães de Maio: Um grito por justiça.




  A impunidade ainda paira sobre as mortes de 493 pessoas, ocorridas em maio de 2006, a maioria pobres, negros e moradores da periferia. Todos os indícios apontam para uma ação efetiva de grupos de extermínio da polícia como forma de retaliação aos ataques do PCC naquele ano. As mães e familiares dessas vítimas de violência policial se uniram em um movimento chamado "Mães de Maio. São mulheres que transformaram a dor da perda na luta por justiça e hoje buscam um reconhecimento da sua causa para que o Estado não tire mais vidas em vão. O projeto trata da luta dessas mães e das circunstâncias e consequências da violência do Estado, e busca soluções. Veja o vídeo divido em duas partes...

Parte 1


Parte 2

Fonte: MãesdeMaio.


Mãe Stella: "O tempo leva o que não se escreve"

Mãe Stella é a primeira intelectual do movimento afro a ser nomeada para a Academia


  A cadeira nº 33 da Academia de Letras da Bahia (ALB), cujo patrono é Castro Alves, passa a partir de agora a ser ocupada por uma nobre personalidade, Maria Stella de Azevedo Santos, a mãe Stella de Oxóssi, ialorixá do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. Enfermeira de formação, é autora de cinco livros que tratam da herança cultural africana e sua interpretação. Por seu trabalho, ganhou o prêmio jornalístico Estadão em 2001, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em 2009, e da Universidade Federal da Bahia, em 2005. Foi agraciada com a Comenda Maria Quitéria (Prefeitura de Salvador), Ordem do Cavaleiro (Governo da Bahia) e Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura.

Marjorie Moura - O candomblé é conhecido pela oralidade, pela transmissão dos conhecimentos de forma oral. A senhora rompeu esta tradição ao escrever sobre a tradição africana. Como se sente diante deste reconhecimento com sua eleição para a ALB?

Mãe Stella - Vejo tudo isso como uma evolução, uma grande evolução. O povo vai crescendo, se conscientizando sobre a verdade de nossa cultura e chegamos aqui. Os praticantes da religião do candomblé eram vistos como analfabetos pela sociedade porque falavam outra língua e vinham de um novo mundo. O destino da escravidão nos trouxe ao Brasil e nossa cultura e tradição vieram junto e sobreviveram a tudo. Hoje isso é reconhecido na academia como um legado que não pode ser dissociado da cultura brasileira.

Marjorie Moura - Inclusive até palavras desta língua que era desconhecida fazem parte hoje de nosso vocabulário...

Mãe Stella - É claro, assim como as palavras indígenas também foram incorporadas ao nosso dia a dia. Assim com tem gente que fala palavras estrangeiras. A cultura é assim, cheia de influências que vêm de todos os lados.

Marjorie Moura - O fato de a senhora ter sido escolhida para ocupar a cadeira cujo patrono é Castro Alves e que teve como último ocupante o professor Ubiratan Castro tem um significado especial?

Mãe Stella - Nada poderia ser mais especial. Castro Alves tem uma poesia vigorosa e foi uma das primeiras vozes no Brasil a se levantar contra a escravidão. A força dos versos de "Navio Negreiro" calou fundo na sociedade brasileira ao reconhecer nos escravos africanos pessoas iguais a qualquer outra. Depois, a contribuição do professor Ubiratan Castro para a preservação de nossa cultura. Diante disso, ninguém nunca pensaria que uma mãe de santo poderia chega a ocupar este posto. Isso mudou pela nossa luta, mas também por meus livros, porque o que a gente não escreve o tempo leva.

Marjorie Moura - Seus títulos lhe levaram a esta eleição?

Mãe Stella - Com certeza, mas os títulos, e foram muitos, são muito justos e resultado de muito trabalho. A gente se entregou muito, se empenhou muito para chegar até aqui.

Marjorie Moura - Tem gente sonhando com cânticos de suas filhas de santo e toques de atabaques em sua posse. Falaram até que Jorge Amado ficaria feliz em assistir. Ela já foi marcada?

Mãe Stella - A posse vai depender da academia e ainda não foi marcada porque estas cerimônias têm seu ritmo próprio e não sei como vai ser a organização. Mas é certo que o evento pode ter algum toque da religião africana porque ela é muito forte e vai agradar a muita gente, não é? (risos).

Fonte: ATarde.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

EDITAL DE SELEÇÃO SIMPLIFICADA DE ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL PARA INTEGRAR O CONSELHO DE DEFESA DOS DIREITOS DO NEGRO DO DISTRITO FEDERAL


  EDITAL Nº 1/2013 DE SELEÇÃO SIMPLIFICADA DE ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL PARA INTEGRAR O CONSELHO DE DEFESA DOS DIREITOS DO NEGRO DO DISTRITO FEDERAL. É IMPORTANTE RELEMBRAR QUE O PRAZO PARA AS INSCRIÇÕES E ATÉ 02/08. PARTICIPEM!



PARA TER ACESSO INTEGRAL AO EDITAL, CLIQUE AQUI!
PARA ACESSAR O EDITAL PELO DIARIO OFICIAL, CLIQUE AQUI! (PAG. 50)

A PONTE (2006)

  O DOCUMENTÁRIO A PONTE (2006) RETRATA À NECESSIDADE DE MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE, TENDO COMO FIO CONDUTOR A HISTÓRIA DE DAGMAR GARROUX, A TIA DAG, FUNDADORA DA ONG CASA DO ZEZINHO.  COM PARTICIPAÇÕES: MANO BROWN, FERREZ, E OUTROS. CONFIRA...


Versão completa em HD do documentário "A PONTE" 2006 / Instituto Ruhka / Sindicato Paralelo / Direção: Roberto T. Oliveira e João Wainer / Fotografia: João Wainer / Produtores Associados: Roberto T. Oliveira e Marcelo Loureiro / Trilha Sonora: Zé Gonzales e Daniel Ganjaman / Direção de Arte: Paulo Franco / Edição: André Dias e Alex Kundera / Produção: Claudio Gabriel e Julio Sena / Fotografia adicional: Lula Maluf, Arci Reis, Roberto T. Oliveira e Claudio Gabriel / Finalização: Alex Kundera / Mixagem: Daniel Ganjaman (Estudios YB) / Participações: Mano Brown, Ferrez, Floriano Pesaro, Paulo Lima, Padre Jaime, Fabio Gurgel, Saulo Garroux, João Batista Cardoso / Para ajudar acesse: casadozezinho.org.br

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Tatuagem na Pela Negra


   Há sempre algumas preocupações ao lidar com tatuagens coloridas sobre a pele negra. Mas procurando um bom profissional , você pode acabar com uma tatuagem muito bonita e com uma cor que vai resistir ao tempo. Quando se decidir sobre a cor e design para sua tatuagem você de considerar: 

Dois aspectos importantíssimos, são eles: cor e design

1. Seleção de cores: 
   Quando você decidir ir em frente e fazer uma tatuagem colorida, você tem que manter em mente que a sua pele é a tela. Assim como um desenho, as cores vão parecer menos vibrante e ousada, dependendo da cor do papel. Algumas cores vão lavar e desaparecer no fundo, enquanto outros vão sair e parecem mais brilhantes. Vermelho, laranja e magenta são cores fortes e vibrantes que têm resistido ao teste do tempo. Por outro lado, verde, azul, amarelo e branco têm menos probabilidade de ser brilhante e nítida. Tenha em mente, contudo, que sua pele não é o papel. E só porque algo parece ótimo no papel, que não necessariamente significa que ele ficará muito bem em seu corpo.

2. Design:
Dizem os especialistas que quanto mais escura a pele menos detalhes no desenho, podem
proporcionar um resultado melhor.

   Outra coisa que não podemos esquecer é o risco de quelóides. A pele reagir, devido ao excesso de melanina escurecendo a tatuagem, chegando até a formar quelóides. Note que em alguns ferimentos em quem tem a pele escura, ficam com marcas mais escuras em sua volta, o mesmo vale para a tatuagem. Um profissional qualificado vai saber aplicar cores que vão destacar-se mais em sua pele.


   Uma dica bacana é fazer desenhos pequenos ,delicados ,usando apenas o contorno, geralmente tem um excelente resultado. Muitos brincam sobre fazer uma tatuagem com a cor branco em pele escura pra poder aparecer, mais realmente ao contrario do que muitos pensam , não é o ideal para fazer tatuagens em peles negras, é de difícil aplicação serve apenas para brilhos e efeitos. Peça sempre para ver fotos dos trabalhos do tatuador, para tirar suas conclusões sobre o trabalho dele!

Fazer tatuagem dói?

Isso varia muito. Claro que uma dor pequena todo mundo sente, mas é suportável. A dor é relativa e depende do local a ser tatuado, assim como o tamanho e as cores (normalmente as coloridas exigem mais de uma aplicação).

Posso tatuar qualquer parte do corpo?

Qualquer lugar. Não aconselhamos tatuar os dedos nem as solas das mãos e dos pés. Essas regiões, devido ao excesso de suor, deixam o pigmento da tattoo fraco.

Menor de 18 anos pode fazer tatuagem?

“Não. Mesmo indo ao estúdio com os pais, o menor por Lei Estadual nº 9.828 de 06/11/1997 não pode fazer tatuagem ou pircing”, esclarece o tatuador.

Depois de feita, quanto tempo devo esperar para ir à praia?

“É preciso esperar o processo de cicatrização da pele. Normalmente isso demora de 10 a 15 dias. Antes disso o sol pode provocar manchas indesejadas. O uso do protetor solar antes do período de cicatrização não é recomendado por causar reação alérgica em algumas pessoas”, explica o tatuador.

Quais são os cuidados principais que a pessoa deve ter ao fazer uma tatuagem?

Saber sobre a higiene local, dos materiais esterilizados e descartáveis, e sobre a qualidade dos produtos usados. Além disso, a qualificação do tatuador. Isso é muito importante.

Quais são os riscos de contaminação?

Infecção por bactérias, fungos e vírus, hepatite B e C, HIV, além de alergias.

Retratos Brasileiros - Antonio Carlos Bernardes Gomes, o "Mussum"(Os Trapalhões)


  Motivos para justificar a saudade dos amigos e dos fãs o carioca Antonio Carlos Bernardes Gomes (1941-1994) deixou vários. O maior deles foi o sorriso do personagem que o eternizou: o trapalhão Mussum - seu nome oficial para o resto da vida. Para homenageá-lo, o Canal Brasil exibiu no programa Retratos brasileiros, um documentário exibido no ano de 2010, que resgata as memórias do comediante, que morreu há dez anos, vítima de uma infecção generalizada, após ter o coração transplantado. Veja...



Elenco:
Alcione - Cantora
Augusto - Filho
Cristiana Oliveira - Atriz
Dedé Santana - Ator e Comediante
Jair Rodrigues - Cantor
Jorge Aragão - Sambista
Jorge Coutinho - Ator e Diretor
José Alvarenga Jr. - Diretor
Lui Mendes - Ator
Renato Aragão - Humorista
Roberto Guilherme - Ator
Sandro - Filho

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Autobiografia de Malcolm X (Alex Haley)


  A mais impressionante autobiografia de um homem mulherengo, cafetão, assaltante, traficante de drogas, que se transforma radicalmente em um líder nacionalista, assassinado em 1965 em defesa da Revolução Negra nos Estados Unidos, e que sabia que, quando seu livro fosse publicado, não estaria mais vivo. Com base nos depoimentos de Malcolm X, o jornalista Alex Haley - autor de um dos maiores bestsellers mundiais, Negras Raízes - revela a contundente história de um carismático líder dos muçulmanos negros. Veja...



O jovem Mandela: um relato romanceado


A Editora Nova Alexandria lança, em maio, o relato romanceado, escrito por JeosaFá, que relata a trajetória da pobreza, da luta e do cárcere político até a presidência da República, percorrido por um dos principais personagens da história contemporânea.

  Desde a pobreza no sertão da África do Sul, até o reconhecimento mundial - este foi o caminho percorrido por uma das principais lideranças populares e avançadas do mundo contemporâneo: Nelson Mandela. 

   Sua vida, contada no livro O Jovem Mandela, de JeosaFá, que a editora Nova Alexandria lança em maio, é o relato da luta de uma existência inteira contra as condições aviltantes dos trabalhadores nas minas de diamantes mais profundas do mundo, a miséria nas favelas de Johanesburgo, a opressão das populações negras e de origem indiana, o desumano sistema de apartheid.

   Desde muito cedo o jovem Nelson Rolihlahla Mandela escolheu entre o conforto de uma vida alienada e os riscos da luta contra o regime de segregação racial. Neste livro, Jeosafá Fernandez Gonçalves constrói um enredo ficcional que articula literatura e realidade para dar corpo às angústias e às ações desse importante personagem da história contemporânea. Apresenta os passos decisivos da formação do homem e do líder que derrotou o apartheid, dando ao leitor um painel dos fatos históricos, uns dramáticos e trágicos, outros gloriosos, desta epopeia plena de grandeza.

   Fundador da Liga da Juventude do Congresso Nacional Africano (CNA), Nelson Mandela tornou-se o principal líder do CNA. Sua vida se confunde com a luta pela democracia e pela liberdade e, embora o território principal de suas ações tenha sido sua África do Sul mergulhada em um dos sistemas políticos mais abomináveis conhecidos, o apartheid.

   Da infância de pés descalços no sertão africano, no início do século XX, à prisão política da qual saiu para se tornar Presidente da República após vencer a primeira eleição livre em seu país, ao fim do mesmo século, Mandela seguiu um roteiro de aprendizagem, persistência e esperança que lhe deu forças para suportar sucessivas perdas de amigos, assassinados sob tortura ou em confrontos com o apartheid; de familiares, com os quais sempre manteve fortes laços de afeto; além de uma sentença de prisão perpétua absurdamente injusta, a partir de um julgamento de exceção, forjado nos mínimos detalhes para eliminar do caminho os opositores do regime racista.

   No interior da prisão da ilha de Robben, em que cumpriu a maior parte dos 27 anos em que esteve encarcerado, Madiba, como também é conhecido entre os amigos e parentes, organizou o que ficou conhecido como Universidade Mandela, iniciativa de educação geral e formação política que reuniu, anos a fio, em debates, palestras e verdadeiras aulas, com currículo estabelecido pelos próprios participantes, até mesmo os guardas do presídio. Muitos jovens condenados à ilha de Robben, após cumprirem a pena, voltaram para a luta antiapartheid mais bem preparados do que quando nela ingressaram. O amor de Mandela pela juventude está estampado em seu sorriso – que, quando se abre, o torna um menino novamente, um legítimo representante da “juventude do mundo”, expressão muito empregada por sua geração de “lutadores da liberdade”, como, com justiça, também se autodenominavam.

Fonte: Geledes.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Encontro com Milton Santos ou: Globalização - O mundo global visto do lado de cá.


   Globalização - O mundo global visto do lado de cá, documentário do cineasta brasileiro Sílvio Tendler, discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias (seja o terceiro mundo, seja comunidades carentes). O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos, gravada quatro meses antes de sua morte.

   O cineasta conheceu Milton Santos em 1995, e desde então tinha planos para filmar o geógrafo. Os anos foram passando e, somente em 2001, Tendler realizou o que seria a última entrevista de Milton (que viria a morrer cinco meses depois). Baseado nesse primeiro ponto de partida o documentário procura explicar, ou até mesmo elucidar, essa tal Globalização da qual tanto ouvimos falar.

   Percorre algumas trilhas desses caminhos apontados por Milton, vemos movimentos na Bolívia, na França, México e chegamos ao Brasil, na periferia de Brasília. Em Ceilândia, a câmera nos mostra pessoas dispostas a mudar as manchetes dos jornais que só falam da comunidade para retratar a violência local. Adirley Queiroz, ex-jogador de futebol, hoje cineasta, estudou os textos de Milton e procura novos caminhos para fugir do 'sistema' ou do Globaritarismo - termo criado por Milton Santos para designar a nova ordem mundial. Veja o filme, com duração de 1 hora e 30 minutos:

A invisibilidade do racismo, por Lázaro Ramos



Por: Lázaro Ramos (Ator e Embaixador do UNICEF no Brasil),
   Estou muito feliz e orgulhoso por participar dessa campanha do UNICEF que demonstra claramente o impacto do racismo na infância. É importante chamar atenção de toda a sociedade para um problema invisível para muitos, mas muito real para quem sente, de verdade, na própria pele os efeitos dele.


   Crescemos numa sociedade na qual virou lugar comum dizer que o brasileiro não é racista, posto que é um povo multicolor, fraterno e cordial; e que os problemas são de ordem social e financeira apenas. Entretanto, essa campanha inovadora do UNICEF traz luz aos indicadores oficiais que não nos deixam dúvidas. O racismo é real! Existe dolorosamente para milhares de meninos e meninas indígenas e negros.

   Esse racismo não se revela apenas no constrangimento imposto, muitas vezes de forma dissimulada, às nossas crianças. Ele se mostra num aspecto ainda muito mais cruel, que é o de violar e impedir que as crianças e os adolescentes realizem os seus direitos de viver, aprender, crescer e se desenvolver plenamente.

   Parabéns, UNICEF, pela coragem e pela iniciativa. Essa atitude me deixa ainda mais orgulhoso, pois, se eu já tinha orgulho de ser embaixador do UNICEF, agora tenho mais ainda com a coragem e com o compromisso de vocês, e de todos os parceiros envolvidos, de fazer uma campanha como essa.

   Espero realmente que a nossa sociedade possa, definitivamente, “enxergar igualdades num mundo de diferenças”, para fazermos agora um mundo melhor para cada uma das nossas crianças e adolescentes.

Confira também o vídeo oficial - Por uma infância sem racismo, campanha do UNICEF com Lázaro Ramos. Por uma infância e adolescência sem racismo. Valorizar as diferenças na infância é cultivar igualdades. Veja...


“A violência policial tem como alvo a população pobre, negra e de periferia”


   “A violência policial tem como alvo a população pobre, negra e de periferia”, reage o sociólogo Cícero Albuquerque, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e militante da defesa dos direitos humanos. Ligado ao movimento pastoral da Igreja Católica, ele está dando apoio à família do adolescente José Wanderson Azarias, tentando evitar que o crime fique impune. 

   “Estamos diante de um fato de imensurável gravidade. Um adolescente de 14 anos foi executado. A sociedade não pode ignorar isso”, disse ele, anunciando que vai levar a família do adolescente morto e dos rapazes espancados às instâncias legais para que sejam adotadas as providências necessárias. O Conselho Tutelar de Atalaia também será chamado a se juntar às entidades da sociedade civil que estão se unindo para assegurar que o crime seja apurado.

   Para o sociólogo, esse caso de Atalaia é significativo e mostra claramente a postura racista dos militares que estão nas ruas fazendo o policiamento ostensivo. Um dos adolescentes agredidos, cujo nome de batismo é o mesmo de um cantor famoso, foi humilhado pelos policiais ao se identificar. “Onde você já viu negro com nome de artista, seu filho da p...”, teria dito o militar, ao mesmo tempo em que estapeava o rosto do adolescente.

terça-feira, 23 de abril de 2013

2º Encontro Aquilombando de Negros e Negras do DF e Entorno.


2º Encontro Aquilombando de Negros e Negras do DF e Entorno.

Tema: Fortalecimento da Juventude Negra.

Data: 27 de Abril de 2013 (Sábado)
Local: SINPAF**
(SDS – CONIC Ed. Miguel Badya, Bl. L, S. 113).
Horário: 08h30 as 12h30.

Cronograma

  • 09h: Apresentações.
  • 09h10: Mística.
  • 09h30: Debate – Professor: Ivair Santos (UNB).
  • 10h30: Roda de conversa.
  • 11h: Debate – Militante Janaina Pereira (Nosso Coletivo Negro).
  • 11h30: Roda de conversa.
  • 12h: Enceramento.
  • 12h15: Aula Expositiva de Capoeira.
  • 12h30: Exposições (Instituições, Movimento e Coletivos).

Apresentação

   O Encontro surgiu como base de um recorrente dialogo, que houve entre militantes negros do coletivo Nosso Coletivo Negro (UNB) conjuntamente com a Secretaria da Promoção da Igualdade Social (SEPIR/DF), aonde foram levantadas as maiores necessidades/dificuldades pelo quais os negros e negras militantes, ou não, obtinham em relação a Brasília e o Entorno. O dialogo abarcou vários aspectos como o racismo, a criminalização, o genocídio da população negra, o acesso ao mercado de trabalho, as cotas raciais e entre outros, porém o principal eixo abordado foi a dificuldade de "reconhecimento", de quem são realmente estes protagonistas negros e negras que de certo modo convivem diariamente com estas mazelas. 

   A participação do encontro é uma forma de ampliar as perspectivas de combater o racismo e promover a igualdade de condições sociais, uma vez que abstração para o acúmulo de conhecimentos aos participantes constitui na formação de uma consciência crítica ativa com força representativa e fundamentada aos movimentos e coletivos. 



“É importante conhecer a realidade da influência negra. Intervir na discussão, participar e intercambiar as experiências, conhecendo as outras realidades Brasil afora”. 

Abdias do Nascimento**.

Objetivos e metas


    Devido às parcerias e articulações realizadas neste curto espaço-tempo, uma das propostas elaborada foi à realização do 2º Encontro Aquilombando de Negros e Negras do DF e Entorno, ainda este mês (Abril), estruturado com algumas pautas e exposições de fala de mestres, profissionais e militantes com maior grau de experiência, para direcionamentos e apresentação do Movimento Negro.



   Ressaltamos que a intenção e os maiores objetivos do Encontro são a apresentação e reconhecimento, com especificidade do encontro atual ter como tema o "Fortalecimento da Juventude Negra" baseado em troca culturais, formação de laços e articulação de integrada com movimentos e coletivos do DF e Entorno, para exalta uma identificação e representação frente às mazelas que avançam sobre a população negra.


Organização

   A organização do Encontro foi introduzida sem representações com instituições, movimentos ou coletivos por modo proposital, em virtude do objetivo de adequar a livre identificação dos participantes com o tema “Fortalecimento da Juventude Negra”, e assim proporciona aos participantes ao final do Encontro as exposições das instituições, movimentos e coletivos, pelo qual, eles possam identifica-se e integra ontologicamente ao movimento negro.

Metodologia


   A metodologia utilizada para a consecução do Encontro fundamenta-se em uma roda conversa com a livre participação de todos, permeadas por falas categóricas com pautas recorrentes e atuais, embasadas no Movimento Negro sob a condução de mestres, profissionais e militantes com vasta bagagem intelectual e usual da militância negra.



Convidados e suas pautas


   Os convidados são o Professor Ivair Santos, da Universidade de Brasília (UNB), e a militante negra Janaina Pereira (Nosso Coletivo Negro), que irão conceder em suas falas a exposição das pautas que contemplem o Movimento Negro e as principais necessidades/dificuldades enfrentadas pela população negra, deixamos a critério dos próprios convidados a livre exposição com os assuntos recorrentes, os relatos cotidianos tencionados para experiência de vida dos mesmos e a apresentação e concepção do Movimento Negro.


Recursos e Espaço Físico


   Enquanto aos recursos matérias e ao espaço destinado a realização do Encontro, contamos a com participação efetiva da SEPIR/DFRECID e Nosso Coletivo Negro (UNB), também abrimos espaços para que os coletivos e movimentos representativos do DF e Entorno, para exposição e apresentação de instrumentos e matérias de suas pautas dentro do Movimento Negro. A arte é o banner do encontro foram realizados pelo Design, Marcelo Teixeira, que também se disponibilizou para demais trabalhos e afins.


Contato
E-mail: juventudenegradfe2013@gmail.com


Agradecimentos

   Agradecemos humildemente a compreensão e receptividade de todos! Nossas principais preocupações começaram a ser enfrentadas a partir do momento que agimos em prol do coletivo. Não queremos realiza uma mobilização ao acaso, pelo contrario, por meio do reconhecimento buscamos encontra saídas inteligentes e ontológicas para exorta as principais necessidades/dificuldades que convivem a população negra. Almejamos residualmente que os 4 poderes se unam ao Movimento Negro. Agradecemos especialmente ao Profº. Ivair Santos, a militante negra Janaina Pereira (Nosso Coletivo Negro), a RECID/DFSEPIR/DF, ao Afroatitude (UNB), ao Nosso Coletivo Negro (UNB) e tod@s que contribuíram de alguma forma para que o 2º Encontro Aquilombando de Negros e Negras do DF e Entorno tomasse corpo e torna-se real. Muito obrigado e muito AXÉ à tod@s!

Salve São Jorge | Salve Ogum (23/04)



(Zeca Pagodinho)

Eu sou descendente zulu
Sou um soldado de ogum
Um devoto dessa imensa legião de Jorge
Eu sincretizado na fé
Sou carregado de axé
E protegido por um cavaleiro nobre

Sim vou na igreja festejar meu protetor
E agradecer por eu ser mais um vencedor
Nas lutas nas batalhas
Sim vou no terreiro pra bater o meu tambor
Bato cabeça firmo ponto sim senhor
Eu canto pra Ogum

Ogum
Um guerreiro valente que cuida da gente que sofre demais

Ogum
Ele vem de aruanda ele vence demanda de gente que faz

Ogum
Cavaleiro do céu escudeiro fiel mensageiro da paz

Ogum
Ele nunca balança ele pega na lança ele mata o dragão

Ogum
É quem da confiança pra uma criança virar um leão

Ogum
É um mar de esperança que traz abonança pro meu coração

Ogum

[...]


(Jorge Ben Jor)
Deus adiante paz e guia
Encomendo-me a Deus e a virgem Maria minha mãe ..
Os doze apóstolos meus irmãos
Andarei neste dia nesta noite
Com meu corpo cercado vigiado e protegido
Pelas as armas de são Jorge
São Jorge sentou praça na cavalaria
Eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem
Tendo mãos não me peguem não me toquem
Tendo olhos não me enxerguem
E nem em pensamento eles possam ter para me fazerem mal
Armas de fogo o meu corpo não alcançará
Facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar
Cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar
Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é da Capadócia.

Salve Jorge!

Fazendo a cabeça com turbantes




Por Débora Maranhão,
   Os turbantes estão de volta e como tendência, estão fazendo a cabeça com muitas estampas, brilhos e diferentes amarrações, criando um look extremamente original e moderno. Não se sabe ao certo qual a origem dos turbantes, mas sabe-se que ele é usado no Oriente Médio, na Ásia e na África. Para algumas culturas as amarrações têm uma linguagem específica, servem para se proteger do tempo, podem representar uma posição social, são usados em religiões tradicionais africanas ou usados simplesmente como um adorno.  Como tudo vai e volta no cenário da moda, os turbantes tiveram seu auge na década de 1940, e foram eternizados por estrelas como Carmem Miranda, Greta Garbo e Coco Chanel.


   Na maré de lenços e turbantes, eles acabam de ganhar as passarelas, nesta última edição do SPFW. Não há limites para a produção dos looks é que como dizia o meu querido Tim Maia, vale tudo! Embalada por Caymmi, a Forum navegou pelas águas calmas da Bahia, dando enfase à leveza e sofisticação. Com uma levada romântica, destacou os vestidos estampados e terninhos monocromáticos com acessórios mais voltados para os tons neutros. O cabelo foi apresentado solto, com amarrações do tipo um nó na frente em tecido estampado.

   Mas a verdadeira festa, ficou por conta da Cavalera, ao som de Tony Tornado, a pasarela foi tomada pela influência das baladas black. Representando a realidade das ruas de uma forma alegre e divertida, com vestidos estampados, muito jeanswear, terninhos estampados com mistura de cores quentes e sapatos de tons contrastantes. O cabelo aparece todo envolvido por turbantes estampados e a nuca livre. Como acessórios, aproveite o maxibrincos que vão continuar com força total.


   Outra boa opção é usar o turbante naqueles dias que o cabelo não anda muito de bom humor, ele pode ser usado com os cabelos soltos ou presos. Para cobrir a cabeça é preferível os modelos de tecido com forma retangular e os quadrados para fazer nós e laços.Para esta edição contamos com a participação da Boutique de Krioula, que preparou um tutorial especial, aproveite as dicas para você aprender a fazer as amarrações do turbante.



Se amarre nesta idéia! Apresentamos agora duas amarrações lindas para todos os tipos de cabelo, e ótimo e fáceis de fazer. Veja...



Debora Maranhão


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Lázaro Ramos entrevista Joaquim Barbosa para o Canal Brasil



  A nova temporada do programa ‘Espelho’ segue cheia de novidades. O entrevistado da semana, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, bateu um papo com o ator e apresentador Lázaro Ramos sobre o mensalão, gosto musical e trajetória de vida.

“Escuto muito jazz e música clássica, e já fui roqueiro”, conta. Se já pensou em ser ator? “Eu nunca quis. Mas, durante muito tempo, pensei que se tivesse tido uma boa oportunidade seria um bom ator. Mas a timidez fez com que jamais fizesse um teste”, revela. 

  De acordo com a Coluna Vip do jornal Correio* do ultimo Sábado (13) a entrevista foi dividida em duas partes. Confira agora a primeira parte do programa em que Lázaro Ramos entrevista o presidente do STF...


Obs: até o presente momento desta postagem não tivemos acesso a segunda parte do programa, aguardem! logo iremos atualizar.

Fonte: RevistaAFRO.

A luta contra o racismo não pode ser somente da população negra


Brasília – A luta contra o racismo e as desigualdades raciais precisa ser uma bandeira defendida por toda a sociedade e não apenas pela população negra, articulada ou não por meio de movimentos sociais, defendeu hoje (21) a coordenadora executiva do Odara - Instituto da Mulher Negra, voltado à valorização feminina, Valdecir Nascimento.



   Segundo ela, que participou do evento em comemoração pelos dez anos da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), a ocorrência de atos discriminatórios ainda hoje é um obstáculo ao pleno desenvolvimento da sociedade brasileira.

   "Essa é uma questão que deve envolver toda a sociedade, não apenas os negros. Os brancos não podem se omitir achando que é um problema somente nosso, porque a eliminação do racismo traz benefícios a todos, como a queda da violência, o aumento das oportunidades e a ampliação do nível intelectual da população como um todo", disse.

   Embora diga que ainda há "um longo caminho" para a consolidação da igualdade entre negros e brancos, ela destaca que o Brasil vive um momento de fortalecimento das conquistas nessa área, como a implementação da política de cotas.

   Já o presidente da Associação Nacional das Etnias Ciganas no Brasil, Wanderley da Rocha, que também participou do evento, cobrou do governo mais ações que garantam os interesses de seu povo, principalmente em relação à questão fundiária.

   "O Brasil tem avançado no combate à discriminação, mas as ações ainda são muito voltadas à população negra. Outros povos, como o cigano, continuam excluídos e estigmatizados. É preciso fortalecer políticas que contemplem esses grupos, especialmente no que diz respeito ao acesso à terra", defendeu.

   Durante a comemoração pelos dez anos da Seppir, a ministra da pasta, Luiza Bairros, disse que o principal desafio da secretaria é fortalecer a implementação de ações afirmativas no país. Ela destacou que a ampliação de políticas públicas para enfrentar o racismo é fundamental para consolidar a democracia no país.

   A ministra ressaltou que, apesar da tendência de redução das assimetrias raciais, 68% dos 81 milhões de brasileiros em situação de pobreza identificados pelo Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal são negros.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

RAÇA - Um filme sobre a igualdade


  "Raça" é um documentário de longa-metragem, co-dirigido pela norte-americana Megan Milan, que narra três histórias de pessoas singulares na luta pela igualdade racial, em um país que se orgulha de ser exemplo de democracia racial: o único senador negro do Brasil, Paulo Paim, que luta pelo estatuto pró-igualdade; um famoso cantor negro, Netinho de Paula, que pretendia lançar uma emissora de TV e uma neta de escravos, Dona Miúda, que defende os direitos de sua terra ancestral: as comunidades quilombolas. Confira o Trailer...


  Documentário "Raça" aborda a luta por igualdade racial. O filme documentário é realizado em co-produção com a empresa norte-americana Principe Productions (sediada em Nova York) tem direção de Joel Zito Araujo e Megan Mylan (ganhadora do oscar de melhor documentário de 2009). Teve premiére mundial como "hours concours" no Festival de Cinema do Rio de Janeiro de 2012.

Zélia Amador, do Centro de Estudos e Defesa do Negro (Cedenpa), ressalta a importância do trabalho do cineasta para o movimento negro. “O Joel Zito é uma referência para nós do movimento negro brasileiro. A gente o entende como o cineasta ativista”.

  Joel Zito é cineasta, escritor, professor, diretor, produtor executivo e roteirista de filmes, vídeos educacionais, institucionais e programas de TV. Foi criador e diretor dos filmes Raça, A Negação do Brasil, Filhas do Vento, Vista Minha Pele & Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado. Doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes/USP, tem ainda pós-doutorado no Department of Radio-TV-Film & Department of Anthropology da University of Texas, em Austin.

SERVIÇO
RAÇA estreia nos cinemas, no circuito Espaço Itaú, a partir de 17 de maio de 2013. 
Na primeira semana: em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
No dia 24: em Salvador, Porto Alegre, Novo Hamburgo, Florianópolis e Curitiba.
Em junho: Belo Horizonte, Vitória e Recife.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Documentário "Capoeira no Cerrado" (2009)


  Em Brasília, a capoeira faz parte de sua história tanto que aos pés da torre de TV, um dos cartões postais da cidade, pode se observar à escultura de um Berimbau. A capoeira chegou a Brasília junto com os filho dos pioneiros; ganhou espaço ao longo do tempo e hoje é uma realidade nas ruas da capital. Não é difícil andar pela cidade e ouvir o som do berimbau e apreciar uma bela roda de capoeira. Como qualquer outro esporte a capoeira estimula o convívio social, o bem estar físico, mental e vários outros benefícios aos seus praticantes. A capoeira não possui restrição, jogada por crianças e até idosos, a única ferramenta necessária para a sua prática é o corpo. "Todos podem praticar a capoeira, ela é um esporte democrático, só é necessário querer. Para quem observa pode até parecer difícil jogar, mas quando se entra na roda, a energia te contagia e a ginga flui" diz Mestre Jomar, filho de pioneiros, ele é o precursor na inclusão da capoeira como modalidade nas academias consideradas para elite em Brasília.

  Lançado no segundo semestre de 2009, o documentário "CAPOEIRA NO CERRADO" com 15 minutos de duração, já é sucesso na internet e agora tem sua estréia no YouTUBE. Com direção geral de Marcia Lameu e direção de imagem Matheus Lameu; o blog do documentário (www.capoeiranocerrado.blogspot.com) , já foi acessado mais de 9 mil vezes e virou notícias nos principais sites do Brasil. 

  O documentário "Capoeira no Cerrado" sem fins lucrativos, tem como objetivo divulgar o contraste do concreto curvilíneo traçado por Oscar Niemeyer e os movimentos e ginga da capoeira regional; tão presente na história da criação de Brasília. Mestre Jomar (DF) e Mestre Huguinho (DF) contam sobre sua experiência e vivência na capoeira em Brasília e mostram um pouco da capoeira no centro de Brasília. Veja...

Ano: 2009 
Direção: Marcia Lameu 
Contato: m.jornalista@hotmail.com 
Organização: Mestre Jomar - DF 

terça-feira, 16 de abril de 2013

Audiência Pública - Cotas Raciais em Concursos Públicos


  Dia 18 de Abril (Quinta-feira), a partir das 08h30min, no Auditório da Escola Superior do MPU (603/604 SUL) acontecerá a Audiência Pública - Cotas Raciais em Concursos Públicos. Participem! 

Fonte: MPDFT.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Carlos Moore desconstrói senso comum sobre o racismo



Um dos mais importantes intelectuais negros da atualidade veio à Curitiba e concedeu entrevista ao Portal da APP

  Carlos Moore, um dos mais importantes intelectuais negros da atualidade, veio à Curitiba no último dia 11 de dezembro para relançar o livro Racismo e Sociedade – Novas Bases Epistemológicas para entender o racismo, da editora Nandyala. Cubano radicado na Bahia, é doutor em Ciências Humanas e em Etnologia pela Universidade de Paris e chefe de Pesquisa na Escola para Estudos de Pós-Graduação e Pesquisas na Universidade do Caribe, em Kingston, na Jamaica. Moore conversou com a equipe da Imprensa da APP-Sindicato e falou sobre falácias sobre a origem do racismo, da importância de se ter estudos sérios sobre o assunto e afirma: “o racismo é um problema dos brancos”. Confira na entrevista:

Qual é o tema principal do livro?

  É o racismo através dos tempos, porque essa ideia que temos de que o racismo é algo recente é falsa. As pessoas supõem que o racismo tenha surgido por causa da escravidão há 400, 500 anos. Esta ideia está enraizada nas mentes e na academia. O racismo tem entre 3 e 4 mil anos de existência. Temos indícios claríssimos de racismo há 1.700 anos A.C.

Pode dar um exemplo?

  Um exemplo é o Rigveda, que é o livro sagrado do hinduísmo. Nele estão descritas cenas de extermínio racial, na qual os invasores brancos dizem que Deus os mandou com a missão de exterminar o que chamavam de “extirpe” negra.

Já era contra os negros naquela época?

  Claro, pois os negros estavam disseminados no planeta inteiro. A raça negra não era raça neste sentido em que hoje projetamos, porque eles não se sabiam negros. Os povos melanodérmicos – de pele preta – surgiram na África. Não havia outros povos. A raça branca é recente, que data entre 12 e 18 mil anos. Antes disso não havia brancos, nem amarelos. As raças leucodérmicas são recentes (caucásico-europóide e sino-nipônico-mongol).

  A raça negra surgiu há 3 milhões de anos, concomitante com o surgimento da humanidade. Não era uma questão política. Durante 3 milhões de anos a humanidade teve pele preta porque surgiu em latitudes onde a pele protegia o organismo humano. Se fosse branca, não haveria existido a humanidade, pois era necessário um escudo contra os raios solares.

Se não fosse isso a humanidade não teria prosseguido…

  Sim. Quando os humanos modernos saíram da África há 50 mil anos eles foram para climas distintos, onde havia o mínimo de raios ultravioletas, e aí começaram a morrer. Por processo de seleção natural surgiram duas outras raças que estava mais adaptadas porque a pele clara pode captar melhor o pouco de raios violetas que existem nestas zonas euro-asiáticas, do norte.

  Essas três “raças”, que não se conheciam, entram em combates profundos e violentos por recursos. Os grupos que avançaram para o sul começaram a despejar os negros em lutas cruéis. A partir daí esses grupos se reconhecem como grupos distintos e surge o conceito de raça.

  Essa história é muito antiga, mas em pleno século XXI ainda não se superou essa disputa…

  Não há como superar, porque as pessoas sequer sabem que isso ocorreu e que isso deu lugar a um tipo de consciência que os domina hoje.

  Por exemplo, a disputa entre mulher e homem não está superada, mas ninguém sabe de onde surgiu. É muito longínqua mas ninguém está nem aí. As pessoas falam de sexismo em um contexto atual contemporâneo, mas onde estão os estudos sobre sexismo que se remontam há 5 mil, 10, 15 mil anos? Não há!

E você acha que o aprofundamento desses estudos ajuda a combater o racismo hoje?

  Claro. Não se pode combater uma coisa que não se conhece a existência, de como surgiu, como se transformou ou como atravessou os milênios. São milênios de sedimentação. Tendo essa visão panorâmica e histórica, baseada no concreto, aquilo que a genética, por exemplo, e a biologia molecular nos permitem conhecer, assim podemos começar a analisar o problema, a partir de outras bases epistemológicas.

Outro conceito que você contesta é que o racismo no Brasil foi mais brando que em outros países como nos EUA. Porque aqui ele foi mais perverso?

  Eu não acredito em um racismo mais suave ou cordial. Racismo é uma forma de violência total. É uma rejeição total do outro, uma rejeição genocida. Por trás de todo racismo há uma intenção do genocídio, que não é o caso do sexismo. Homem não quer eliminar a mulher. Ele quer mantê-la em um posições subalternas, mas não quer exterminar sua esposa ou filha. A mesma coisa com homossexuais. As pessoas não querem exterminá-los da face da terra, pois podem ser às vezes os próprios filhos. No caso do racismo sim.

  No Brasil, o extermínio que se está buscando é através da miscigenação. Uma coisa é falar de casamento entre iguais e outra coisa é miscigenação programada. Isso é eugenismo. A visão brasileira se baseia na noção de que se você cruza constantemente a raça negra com a raça branca, numa situação de inferioridade dos negros, você vai terminar por acabar com essa raça, porque o inferior quer ascender, e a ascensão no Brasil é branquear-se. Não é aceitar a diversidade, é eliminar. Esse racismo é mais letal.

  Nos EUA se baseia no apartheid, que é agregador. Há dois grupos compactos e há possibilidade de negação, mas o racismo que temos aqui é de tipologia ibero-americana, ela é atomizadora. Quando se atomiza, você não negocia. É um racismo pré-industrial.

Como você acha que está a evolução da luta do movimento negro atualmente, com a adoção de medidas como cotas e ensino da cultura africana nas escolas?

  Acho que o movimento negro está levando uma luta extraordinária. Mas ele está levando o peso do racismo da sociedade. Acho que a sociedade não pode progredir assim. O racismo vem dos brancos, então são os brancos que tem exercer um movimento e uma força de contraposição ao racismo.

Quais são as distorções que a mídia produz em torno desta questão? Pode citar?

  A imprensa não é diferente da sociedade. Dentro da sociedade racista a imprensa tem seu  papel. Assim como a universidade, ela reproduz os estereótipos e o sistema dominante. A imprensa não está aí para contestar. Ela descredita as cotas, o movimento negro, qualquer coisa que o movimento antirracista propõe a imprensa esta lá para barrar, distorcer, destruir, porque a imprensa faz parte do status quo – como a academia e a igreja. Em uma sociedade racista as instituições são racistas.

  Há jornalistas que individualmente se dão conta disso e tentam nadar contra a corrente. Os movimentos antirracistas devem favorecer essas informações objetivas para atingir estes jornalistas.

Você acha que valorizar as contribuições que a cultura africana trouxe para a sociedade é uma das formas de modificar este pensamento?

  Claro. É contribuir com a verdade. Falar dessa contribuição é simplesmente falar a verdade. Acontece que as escolas nunca valorizaram isso. Valorizar estas contribuições é simplesmente ser objetivo. Por exemplo, a ideia de que egípicios são brancos está bem enraizada, porque consideram impossível que africanos tenham construídos a primeira civilização mundial, que é extraordinária. Isso não compagina com aquilo que eles têm na cabeça como sendo negro.

Tem outro exemplo para me dar?

  Olha a televisão: brancos representam a virtude, a pureza e a nobreza. O negro é bandido, inferior. Sempre aparece como sendo alguém violento.

Sendo que eles que sofreram violência historicamente.

  Publicaram o mapa da violência no Brasil: em 10 anos, mais de 225 mil negros foram mortos! Em 10 anos, na Guerra Civil do Iraque morreram 138 mil pessoas. Imagina a hecatombe! Mas isso aqui é normal.

No Brasil não se admite que há racismo, mas basta ver que, por exemplo, na Assembleia Legislativa do Paraná nunca houve um deputado negro. É muito evidente.

  E isso é violência, porque no Paraná 30% da população é negra. Isso quer dizer que esses 30% que não se vê nas prefeituras, no governo de estado, nos parlamentos, nas universidades, então sendo excluídos violentamente. Mas o racismo vê isso como algo normal.

Dê uma resposta para quem diz que defender a cultura negra é racismo ao contrário.

  Não tenho nem que falar sobre isso! Porque racismo é sistema de poder. Os negros não tem poder em nenhum lugar no mundo. Mesmo na África, são os brancos que mandam e se os dirigentes se opõem são assassinatos. O negro não tem poder de ser racista em nenhum lugar, mesmo se fosse possível. Racismo negro não é nem possível porque os negros não podem reinventar a história. O racismo surgiu uma vez só. Não posso nem fazer comentários sobre algo tão absurdo, porque eu estaria na defensiva e é isso o que o racista quer: jogar essa acusação para que você se defenda. Eu não perco tempo com essa questão, eu coloco todo o meu tempo no ataque ao racismo.

domingo, 14 de abril de 2013

"Que Bloco É Esse?" | Ilê Aiyê


  Para difundir e valorizar a verdadeira história do Carnaval baiano e da nossa cultura. Mostrar essa energia, a Petrobras reuniu no projeto "Que Bloco É Esse?" com artistas do mundo pop, com os tradicionais blocos afro da Bahia, em encontros entre 2 mundos. O videoclipe da música Ilê Aiyê, que traz juntos pela primeira vez o rapper Criolo e o primeiro bloco afro da Bahia, é uma ode ao Ilê Aiyê, exaltando a Liberdade - bairro com a maior população negra do Brasil - e mostrando um cotidiano valorizado pela simplicidade, auto-estima e respeito.Vem descobrir junto com a gente que bloco é esse!


  Religião, fé, tradição e muito ritmo: o Ilê Aiyê é a cara da Bahia. A Petrobras apresenta o primeiro mini-documentário do projeto ´Que Bloco É Esse?´, que conta um pouco da história do ´mais belo dos belos´. Primeiro bloco afro da Bahia, fundado em 1974, o Ilê foi um dos primeiros grupos a dar uma conotação política ao Carnaval e é, até hoje, um dos grandes responsáveis pelo fortalecimento da identidade e do orgulho negro, mantendo viva a história de nossas raízes através da música e do som dos seus tambores. Como diz o próprio nome do bloco, o Ilê Aiyê é a terra da felicidade.


  O Ilê Aiyê desfila pelas ruas de Salvador cantando a consciência negra desde 1975. Confira o clipe da música "Alienação", produzido pela Petrobras durante o desfile do 'mais belo dos belos' no Carnaval de 2012.


Fonte: Petrobrás.

sábado, 13 de abril de 2013

Ser negro no Brasil


Por: Paula,
  Ser negro no Brasil de hoje requer de uma assumir posturas e tomar atitudes extremamente mordaz, a fim de que possa sobreviver às estruturas racistas existentes. SOUZA (1983) nos diz que ser negro no Brasil, é tornar-se negro, “é tomar posse dessa consciência e criar uma nova consciência que reassegure o respeito às diferenças e que reafirme uma dignidade alheia a qualquer tipo de exploração”. Requer entender as bases racialistas sobre as quais a nossa sociedade está apoiada, e assim poder confrontá-las numa postura consciente a qual devemos estar sempre atentas. Quanto a isso, concordo plenamente. Precisamos, sim, tomar posse de uma consciência que ultrapasse as barreiras sociais de existência do indivíduo.


  Mas é notório dizer que as assimetrias sociais existentes no Brasil, por conta do seu percurso histórico de colonialismo e escravidão que perdurou por mais de trezentos anos, estão imbricadas com as assimetrias raciais, e isso é uma marca inegável na nossa historiografia. Em meio às discussões e conquistas que vem sendo alcançadas, devo dizer que muito tem sido feito para a garantia do direito à cidadania de pessoas negras.

   Mas, para além do que disse SOUZA (1983), devo confessar o que perpassa no ato de ser negro no Brasil de hoje, e para isso sugiro que assistam aos dois vídeos abaixo, para entender parte da minha crítica ácida e mordaz ao sentido que se toma o fato de ser negro no Brasil.



  As estruturas racistas no Brasil adquiriram docilidade historiográfica através da ideia incutida no imaginário popular de que vivemos numa nação que fora construída e levantada por três matrizes raciais, e com isso o conceito de mestiçagem ganha forma, a fim de desfazer qualquer “mal-entendido” dos negros em relação aos não-negros. E Gilberto Freyre foi um dos maiores fomentadores (senão o maior de todos) do conceito de mestiçagem no Brasil. Em seu “clássico” Casa-Grande & Senzala, ele afirma que:

  Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro. No litoral, do Maranhão ao Rio Grande do sul, e em Minas Gerais, principalmente do negro. A influência direta, ou vaga e remota, do africano.

  Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho ou de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de homem. Do moleque que foi o nosso primeiro companheiro de brinquedo. (Grifos meus)

  Posto isso, fica fácil tentar desconstruir a ideia de descaso e desamparo social experienciado por negras e negros neste país. Sendo assim, apontarei diversas situações do que é, de fato, ser negro no Brasil.

  O primeiro vídeo mostra um garotinho loirinho, de olhos azuis cobrindo-se de lama afirmando veementemente que quer ser negro, e este ainda detém de um caráter dócil e engraçado. Além da propensa finalidade de infantilizar o público, por isso, o uso da imagem de uma criança, que nem de longe refaz a conjuntura social que uma criança negra vivencia.

  Pois, ser negro é ser barrado na porta giratória da agência bancária, pelo simples fato de o segurança supor que você, por ser preto, é ladrão. Ser negro é morar em bairros de periferia cuja infraestrutura pública (asfaltamento, iluminação pública, sistema de água e saneamento, transporte coletivo, escolas, hospitais) não chega. E a única representação do Estado que se faz presente é a polícia, e sabemos bem o porquê.


  Ser negro no Brasil de hoje está para além da afirmação identitária e social, pois lembro que os negros dos séculos XVIII e XIX, ainda que forros, tinham de carregar a todo o tempo sua carta de alforria para provar sua liberdade e não correr o risco de ser capturado e vendido como escravo. O mesmo acontecia na África do Sul no regime do apartheid, em que negros tinham de carregar o passe, no qual deveria constar nome, idade, raça, em que bairro morava, para onde estava indo, o que tinha para fazer naquele lugar, e quanto tempo era necessário para executar a tarefa. Em caso da não apresentação desse documento ou recusa em apresentá-lo ao policial podia-se ser preso. E quando a população se rebelou contra isso, a polícia abriu fogo e matou 69 pessoas em Sharpeville, no dia 21 de março de 1960.

  Diante disso, me parece verossímil estabelecer uma analogia entre os casos acima, inclusive pela permanência desses aspectos ainda presentes na nossa realidade. São aspectos atemporais e que se renovam a cada dia, ganhando forma e estrutura sofisticada para manter-nos nos lugares de onde nunca devemos sair. E isso se faz notório quando se ouve a pecha do “procure seu lugar” ou “se compreenda”. Quem nunca ouviu isso na vida? Essas são palavras que personificam as definições de lugar ao qual negras e negros estão subjugadas. Deste modo, ser negro no Brasil é enfrentar todos os transtornos e barreiras sociais que estão postas.

  Ser preto neste país é compor o exército da população carcerária brasileira, que segundo dados do IBGE, em pesquisas realizadas em 2012, constavam de 549.577 detentos, ao tempo que o número de habitantes no país, também dados de 2012, estava no índice de 193.946.886 pessoas. Ou seja, de acordo com cálculos feitos por Catarino Neto, professor de Matemática do Quilombo Ilha, cerca de 0,28% da população brasileira está no xilindró (a cada 351 pessoas que gozam de sua liberdade, uma está presa). E quem compõe esse exército? Pretos, pobres e favelados.

  Essa estatística também abrange o campo educacional, porque ser negro no país é ajudar a compor o índice de analfabetismo, média que abrange sujeitos em sua maioria com mais de dezoito anos. O que quer dizer que9% da população, dos quase 200 milhões de habitantes, é analfabeta nesse país, ao tempo que menos de 3% dessa mesma população ocupa os bancos universitários, mas atentemos para o fato de que esse último índice situa-se no fator global da população, pois quando se reporta à população negra nas universidades, haverá uma queda vertiginosa nesse quantitativo. Por isso, a implementação do sistema de cotas se faz mais do que necessária para começar a corrigir essa distorção.

Há quem diga que essas estatísticas não fazem recorte racial, e assim não dá pra saber quanto desse índice é composto por pretos ou não. Eu vos digo que nem precisa, pois num país em que negros – não falo de exceções, e sim das regras – começaram a adentrar os espaços escolares apenas no século XX (a duríssimas penas, diga-se de passagem), quando essa permissividade já era concedida aos não-negros há bem mais tempo, cerca de um século antes, pra ser bastante bondosa, não dá pra estabelecer critérios equitativos entre ambos.

* * *

  Falemos agora do segundo vídeo, no qual uma garotinha branca e de cabelos lisos, sedosos e esvoaçantes ao vento, esperneia, berra aos quatro cantos da casa que “quer ter cabelo duro”. Recentemente, uma amiga da rede social compartilhou esse vídeo marcando meu nome e dizendo: “Olha, Paula, que gracinha o que a menina diz. Que fofa!”. Eu, sem saber do que se tratava, assisti ao vídeo e vi o mar de comentários que diziam achar “lindinho” o que a garotinha havia feito. De fato, pode ser muito engraçado, muito “bonitinho”. E é. É exatamente isso que o racismo faz, nos trata como bichinhos de estimação e usa de artimanhas para nos ofender, e ferir nossa autoestima. Será mesmo que essa garotinha gostaria de ter um “cabelo duro”. O que seria, de fato, um cabelo duro para ela?

  Com um discurso ferrenho acerca de estética corporal da mulher negra, e com um escrito fundante a respeito da construção e valorização da autoestima pelo cabelo, eu não sou a pessoa mais indicada para apreciar produções como a do segundo vídeo e achá-las “bonitinhas”. Confesso que odiei o vídeo, não vi nada de engraçado, pelo contrário, repugnei a postura da pessoa que me marcou por ter associado à minha imagem a uma produção como tal. Mas não levantei, na época, discussões axiológicas, a fim de não me indispor em conversinhas infundadas de redes sociais.

  Mas volto à pergunta. O que seria mesmo um “cabelo duro”? Duro, segundo HOUAISS (2008), significa “algo que resiste ao desgaste e à penetração resistente, algo impenetrável”. Cabelo de pessoas negras seria algo impenetrável e concreto? Não, não seria, como de fato não é. Mas a aspereza em registrar e firmar esses conceitos fomenta no imaginário de um indivíduo bases sólidas, das quais, muitas vezes, ele tenta desfazer. Isso quando consegue. Na maioria dos casos, afirmar sua negritude através do cabelo é um processo extremamente penoso numa sociedade que prega um padrão estético de beleza que preconiza a lisura do cabelo.

  Digo isso porque meu trabalho consiste numa educação antirracista e jamais gostaria de vivenciar as dimensões sofríveis de uma criança diante a aceitação de sua identidade negra. Reporto-me à singularidade também de quem tem garotas negras na família e que não espera vê-las afundadas no ódio de ter um “cabelo duro”.

  Ser negro no Brasil é também confrontar ações que nos acometem todos os dias ao epistemicídio nas universidades, ao afrogenocídio nas zonas urbanas das grandes cidades, ao feminicídio de muitas mulheres negras que morrem violentamente, a violência obstétrica sofrida por tantas outras em hospitais por não terem anestesia nos partos, ou fazerem abortos, e por isso, não devem ter direito á assistência médica adequada. 

Isso é ser negro no Brasil. Resta alguma dúvida?

E se você acha que eu estou exagerando ou vendo coisa onde não existe, vista minha pele por um dia e, depois, me conte como foi a experiência.

FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 51ª ed. rev. São Paulo:Global, 2006.

HOUAISS, Antonio; VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário Houaiss de língua portuguesa. 3º ed. rev. e aum. Rio de Janeiro:Objetiva, 2008.

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascenção social. Rio de Janeiro:Edições Graal, 1983.