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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Elemento em Movimento | 3ª Edição


Seja um Elemento em Movimento você também. Programe-se e venha fazer parte dessa festa. Cultura urbana: artes plásticas, skate, parkour, slackline, oficinas, palestras e claro - muita música. 

Programação Completa:

#EM_MuitoMaisQueUmFestival



SERVIÇO
Data: 8 e 9 de Novembro.
Horario: a partir das 14hrs
Local: Praça do Trabalhador - Ceilândia/DF

Tempo de prorrogação


Em prorrogação, há que se ter clareza para não permitir-se cura de feridas sociais com analgésicos sem um profundo exame de suas causas; para compreender que o temido vírus da divisão (de classe) pode ser o germe da nova ordem social.

Antonio Claret, para Combate Racismo Ambiental.
Uma das expressões mais ouvidas desde o resultado das urnas é ‘o Brasil está dividido’. A causa aparente seria a campanha eleitoral. Ela chega a ser classificada pelo então candidato tucano à Presidência da República de sórdida. Houve alfinetadas recíprocas entre ele e sua concorrente, Dilma Rousseff. Centenas de milhares de mensagens odiosas circulam as redes sociais. Figurões da classe dominante fazem declarações eivadas de arrogância e preconceito contra eleitores supostamente desinformados – o bode expiatório tem sido o Nordeste. Um dos donos de grande veículo de comunicação é flagrado na rua segurando cartaz de baixo calão destilando raiva contra a Venezuela, insatisfeito com o não alinhamento do Brasil aos Estados Unidos. E publicação antecipada de VEJA tenta bala de prata como golpe na reta final da campanha.

Essa divisão real, externada acirradamente nesse processo eletivo, não tem sua origem na campanha eleitoral como acredita o senso comum e como afirmam os dominadores e seus porta-vozes. Ela vem da antiga pendenga entre capital e trabalho, irreconciliáveis. O que aparece como ‘divisão’ e ‘baixaria’ é apenas reflexo dessa questão mais profunda, a qual faz parte da estrutura da sociedade capitalista, camuflada no quotidiano pela ideologia do consenso.

A disputa presidencial no segundo turno é especialmente elucidativa. Há ensaios claros de luta de classe! A cordialidade e polidez envernizadas cedem lugar a palavrões sem rodeios. Pessoas abastadas vão às ruas e fazem enfrentamento, alguns agredindo fisicamente seus opositores, partindo para cima sem nenhum escrúpulo, alucinados com a possibilidade da vitória. Instituições, celebridades vão se posicionando de um lado ou de outro.

Os números das urnas revelariam, depois, a localização exata do epicentro do conflito, a condição econômica. Em termos gerais, os mais enricados se identificam com a candidatura tucana. No mapa, Aécio Neves vence exatamente nas regiões Centro Oeste, Sudeste e Sul, com maior acumulação de riqueza. São Paulo, capital econômica, lhe rende a maior vantagem em números absolutos.

No fritar dos ovos, porém, a classe dominante, presente tanto do lado de Aécio Neves quanto de Dilma Rousseff, sabe dos seus exageros no calor da campanha, desnudando uma verdade proibida, a atualidade da disputa de classe. É uma espécie de tiro no pé! Hoje muito mais gente sabe que esse conceito não é coisa do passado. E que a exploração gera acumulação de riqueza e miséria, duas faces de uma mesma moeda.

A encrenca está feita, o leite quase derramando. Então se retoma o discurso do consenso para que a exploração e a noção de classe sigam naturalizadas. Capitalistas de tendência especulativa e produtiva, antes em lados opostos, dão-se as mãos em nome de interesses comuns.

Os profetas do apaziguamento estão apostos. A Globo, metida na ingerência do econômico e midiático sobre o político, fala por Bonner em união, reconciliação, cura de feridas. Alexandre Garcia repete a mesma lorota. Lembra os riscos de um país dividido entre ricos e pobres, norte e sul, índios e não índios, e resume seu recado na frase ‘a divisão é um vírus que pode desestruturar a nação’. Chico Pinheiro, bem mais comedido, coloca Minas como decisivo na eleição de Dilma Rousseff e reafirma que ‘o Brasil é um só!’.

O jogo, assim, entra na prorrogação, mais importante que o tempo regular, cheia de sutilezas. As forças se reorganizam em torno de novos interesses. De um lado está o time do consenso. Ele faz de tudo pela união de enricados e empobrecidos exatamente para seguir adiante a divisão camuflada, em estado de dormência. Esse time sabe que a eficiência do capital é proporcional à harmonia entre explorados e exploradores.

De outro lado está o time que propugna reformas estruturantes rumo a uma nova ordem social. Ele aprende da física que dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo. Ele aprende da história que, na sociedade de classe, quando uma ganha a outra perde. A possibilidade de todo mundo ganhar carece de base material, pois, no limite, vence o mais forte. A expressão ‘Brasil: um país de todos’ é contraditória no seu fundamento e só é adequada num contexto de alta concentração de renda. Ele sabe que a mudança não é uma questão de vontade, mas de correlação de forças, por isso aposta na proximidade das forças de esquerda por dentro do governo, no trabalho de base e na unidade de classe para acumulação de poder popular.

Tocar um jogo na prorrogação, fora do tempo regular, em estado de aparente calmaria, mas com os bastidores fervendo, é desafiante: as peças do xadrez tendem a reacomodar-se no status quo, militantes temporários voltam ao pragmatismo, o ronco do estômago confunde a reflexão da cabeça, profetas do consenso conclamam a nação, papagaios do sistema reproduzem a ideologia da dominação. E o tempo aquecido da campanha parece ter sido apenas uma brincadeirazinha.

Em prorrogação, há que se ter clareza para não permitir-se cura de feridas sociais com analgésicos sem um profundo exame de suas causas; para compreender que o temido vírus da divisão (de classe) pode ser o germe da nova ordem social.

Em prorrogação, há que se ter pressão sobre o governo para que sinalize a disposição de ir construindo um governo popular: mexendo na própria carne, tendo como principal aliança o povo organizado, incentivando mecanismos de democracia direta e convocando a constituinte exclusiva para reforma do sistema político, conforme exigência de quase 8 milhões de brasileiros.

A bola continua rolando, não é hora de sair de campo.

Seminário Internacional Agrarian South: os desafios da questão agrária e da terra no Sul Global – 6 e 7/11, na UnB


Seminário Internacional Agrarian South: os desafios da questão agrária e da terra no Sul Global
6 e 7 de Novembro de 2014
Local: Auditório do Novo Prédio do ICS/UnB


Programação:

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Enviado para Combate Racismo Ambiental por Elen Pessoa.


Por que Brasil rejeitou filme negro?


Nem a 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, nem o Festival do Rio e nem o 42º Festival de Cinema de Gramado.

O curta-metragem O Dia de Jerusa, dirigido pela baiana e negra Viviane Ferreira, e protagonizado pelas atrizes, também negras, Léa Garcia (ilustríssima) e Débora Marçal, não foi selecionado para os festivais nacionais de cinema realizados neste ano.

Por MARIANA QUEEN NWABASILI,
No entanto, o reconhecimento estrangeiro surpreende: a obra foi uma das que integrou a programação do “Short Film Corner” (mostra de curtas-metragens) da 7ª edição do Festival de Cannes, ocorrida em maio deste ano na França.

Debate na USP

Em um debate realizado neste mês na Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), Viviane mencionou que entre as justificativas da recusa de filme pelos festivais brasileiros estava o estranhamento – ou seria descabimento? – com o fato de o elenco ser composto totalmente por atores negros.

– O cinema que me disponho a fazer perpassa minhas observações e vivencias cotidianas, então é o cinema que eu sinto em minha pele, que reflito no brilho dos fios de meu cabelo. Mas, no Brasil, existe um cenário de total agressão às subjetividades negras. Por isso, não podemos parar de produzir nunca, e os diretores e diretoras negros vêm resistindo. O dia que abandonarmos nossas histórias, nossa estética e subjetividades, significa que o racismo venceu, diz Viviane em entrevista para este blog.

Léa Garcia no curta que o Brasil rejeitou, mas Cannes abraçou – Foto: Laura Carvalho

Elenco negro

A escolha da diretora pela representatividade exclusivamente negra na tela, bem como pelo roteiro, também tem relação com a proposta da produtora do filme. A Odun Formação e Produção trabalha com produções (cinema, teatro, dança e música) e formações (oficinas, palestras, cursos) sobre bens culturais, priorizando temas relacionados à cultura afrobrasileira.

Com 20 minutos de duração, O Dias de Jerusa se coloca como uma homenagem à tradição oral negra transmitida pelos relatos dos mais velhos. A história expõe a memória ancestral de Jerusa (Léa Garcia), uma senhora moradora de um sobrado no bairro do Bexiga em São Paulo. Ao fazer uma entrevista para uma pesquisa de opinião, concedida a Silvia (Débora Marçal), sobre o uso do sabão em pó, Jerusa passa a expor lembranças de toda uma vida.

Se no Brasil o enredo e o elenco não agradaram, no exterior o que agradou foi justamente o foco sobre uma história ocorrida com a moradora negra em meio um bairro muito habitado por negros – como tantos no Brasil, de periferias a quilombos.

Ajuda em Cannes

Mas nem tudo foi festa em Cannes. Ao jornal A Tarde, um dos poucos veículos que registrou o feito, a diretora Viviane contou que para se manter durante o festival teve a ajuda de diversas instituições e amigos.

Ela diz ainda que produtora Odun continuará a enviar o filme para outros festivais internacionais e nacionais que acontecem até março de 2015. Negociações com canais de TV também estão entre os planos.

— Fui para Cannes com a tranquilidade de que não é o holofote do glamour que me impulsiona a fazer cinema, mas consciente de que ele é essa impulsão é importante para jogarmos luz na realidade desigual que a indústria audiovisual submete cineastas negros brasileiros.

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*MARIANA QUEEN NWABASILI é repórter de Educação do R7. É formada em jornalismo pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP (Universidade de São Paulo). Colunista convidada, escreve no R7 Cultura todo quarto sábado do mês. A opinião dos colunistas convidados não reflete, necessariamente, a opinião do R7.


Fonte: R7

Justiça proíbe PM de usar bala de borracha em manifestação

Fotógrafo do jornal Agora S.Paulo, Alex Silveira foi atingido no olho por bala de borracha durante protesto de funcionários da rede publica de ensino, saúde e transportes em SP

James Cimino
Do UOL, em São Paulo
A Justiça de São Paulo concedeu na última sexta-feira (24) liminar (decisão provisória) que proíbe a PM (Polícia Militar) de utilizar armas e balas de borracha para dispersar manifestações.

Agora, a PM paulista tem 30 dias para informar publicamente um plano de ação em protestos de rua, que não inclua o uso deste tipo de equipamento, sob o risco de multa diária no valor de R$ 100 mil, que devem ser imputados ao governo do Estado em caso de descumprimento. Como a medida é liminar, há possibilidade de o governo recorrer.

De acordo com a decisão, há pontos obrigatórios que devem estar inclusos no plano de ação da PM. Além da proibição do uso balas de borracha, todos os envolvidos nas ações de policiamento deverão ter a identificação dos nomes dos policiais afixada na farda de forma visível.O plano de ação das tropas, em caso de necessidade de dispersão, deverá também indicar o nome de quem o ordenou.

A liminar foi concedida pelo juiz Valentino Aparecido de Andrade da 10ª Vara da Fazenda Pública que atendeu as medidas de ação movida pela Defensoria Pública. Na ação, a Conectas, uma ONG de defesa de direitos humanos, ingressou comamicus curiae (manifestação de terceiro interessado em processo de interesse público).

“O objetivo foi reivindicar que a PM aja de forma preventiva e não repressora. Queremos que a polícia garanta esse direito de manifestação de forma inteligente”, declarou o defensor público Fabrício Viana.

O documento diz, ainda, que “sprays de pimenta e gases podem eventualmente ser utilizados, mas em casos extremos”.
Repercussão

“É uma decisão extremamente positiva e de importância dentro da questão dos direitos humanos. Da legitimidade do direito da manifestação pacífica, um ganho para a sociedade toda”, disse o fotógrafo Sérgio Silva, vítima de uma bala de borracha no olho esquerdo, durante uma manifestação no dia 13 de junho do ano passado, em São Paulo.

Devido ao acidente, Silva perdeu o olho esquerdo e hoje usa uma prótese estética no local. “O uso desse tipo de arma tem de obedecer um tipo de regulamento, que na prática não ocorre”, disse ele.

Neste ano, o fotógrafo entregou um abaixo-assinado ao secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, que pedia o fim do uso desse tipo de armamento.

“As assinaturas foram recolhidas pela sociedade civil, em um momento em que eu ainda recuperava a minha saúde”, disse ele, que segue fazendo acompanhamento médico.

Em nota enviada ao UOL na manhã desta quarta-feira (29), a Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que irá recorrer da decisão. “A Polícia Militar de São Paulo atua dentro dos estritos limites da lei e segundo padrões reconhecidos internacionalmente. A decisão judicial é provisória e será enfrentada por recurso próprio”, diz a nota.

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Enviada para GT Combate ao Racismo Ambiental por Rodrigo de Medeiros Silva.


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Enquanto houver racismo marcharemos pela saúde de todas, é pela vida das Mulheres Negras


Por *Emanuelle Goes,
27 de outubro é o Dia de Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra. A agenda de mobilização começa no início de outubro e vai até o dia 20 de novembro, data em que se comemora a imortalidade do herói negro, Zumbi dos Palmares. Neste período, acontecem várias atividades em todo o país. Homens e mulheres, jovens e adultos, profissionais de saúde, gestoras e gestores, ativistas, pesquisadoras e pesquisadores, cidadãos e cidadãs realizam atividades para promover e defender o direito da população negra à saúde.

Neste ano vou falar um pouco sobre as mulheres negras, trazendo a Marcha das Mulheres Negras 2015 como o impulsionador na construção deste texto, pois as mulheres negras lutam pelo bem viver, contra o racismo e a violência e para que essa tríade se concretize é preciso que o exercício do direito a saúde seja garantido de forma integral, equânime e igualitária. Documento da Marcha das Mulheres Negras 2015

Ao longo desse ano vimos muitas denúncias de violação de direito a saúde, principalmente no que se refere ao acesso das mulheres as serviços de saúde no momento reprodutivo, especialmente, na hora do parto e na realização de abortos que na maioria das vezes são inseguros, em alguns casos levando ao fim mais trágico que é a mortalidade materna. De acordo com os dados do Ministério da Saúde a taxa de mortalidade materna por 100.000 pessoas era, em 2011, de 68,8 para mulheres negras e de 50,6 para mulheres brancas. Mais que um nome na placa, morte materna e o racismo institucional, Solidão que assola, as mulheres em situação de abortamento

E o genocídio da população negra que atinge as mulheres diretamente, pois a violência e a morte dos jovens negros comprometem a saúde mental das mulheres, segundo o Ministério da Saúde os homicídios aparecem como segunda causa de morte entre a população negra, enquanto na população branca, o indicador aparece em quinto lugar. E atualmente o que vimos é que as mulheres negras também estão expostas a vivenciar mais diretamente este tipo de violência e para a reflexão resgato Claudia, que foi a apresentação mais evidente do que o racismo e o sexismo são capazes de fazer com as nossas vidas, Claudia será um caso emblemático do que uma sociedade racista pode fazer conosco, mulheres negras. De Claudia Ferreira à Andreza Delgado, os corpos pretos continuam sendo arrastados.

As mulheres negras sofrem com o racismo e o sexismo, que ao longo destes últimos anos viemos denunciando as diversas violações do direito a saúde, principalmente no que se refere a saúde reprodutiva como a falta de acesso ao pré-natal, parto e puerpério, as condições insalubres na realizações de abortos inseguros e a mortalidade materna que atinge de forma diferenciada as mulheres negras quando comparada com as brancas. As mulheres negras sofrem com impacto do racismo que por meio do genocídio tenta eliminar a população jovem negra, as mulheres (companheiras, mães, irmãs, tias, avos, vizinhas) têm a sua saúde mental comprometida e agravada, quando não são o próprio alvo.

As mulheres negras experimentam discriminações de raça e gênero, que, quando agregados, comprometem a sua inserção na sociedade, como sujeitos de direitos, principalmente no que tange as condições de vida, onde as desigualdades impostas pelo racismo e sexismo que as diferenciam no acesso a bens e serviços, e em todo seu ciclo de vida.

Desde a década de 90 que o movimento de mulheres negras iniciaram uma agenda incisiva na saúde pública, acompanhando o processo da saúde reprodutiva das mulheres negras, principalmente na agenda do controle de natalidade e da esterilização em massa. Esta luta vai ser o principal passo para a construção do processo da criação da Politica de Atenção Integral a Saúde da População Negra com vista a eliminar o racismo e as desigualdades raciais na saúde construído por essas teorias, baseadas na superioridade da branquitude, por meio de esteriótipos negativos, que colocam a população negra e, sobretudo as mulheres negras, em situação de desvantagem no acesso aos serviços de saúde e em uma melhor qualidade de vida.

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*Enfermeira e Blogueira, Odara Instituto da Mulher Negra, Doutoranda em Saúde Pública/ISC/UFBA.


Veja como foi o MANIFESTA CULTURA



MANIFESTA CULTURA
REALIZADO NO PALÁCIO DO BURITI - BRASÍLIA - DF, TRABALHADORES E ARTISTAS DA ÁREA CULTURAL FIZERAM MANIFESTAÇÃO PARA EXIGIREM OS PAGAMENTOS POR SERVIÇOS PRESTADOS NAS AÇÕES CULTURAIS DE BRASÍLIA. O ATRASO CONSTA DESDE ABRIL E SOMAM MAIS DE 42 MILHÕES. 






FOTOS ÒGAN LUIZ ALVES.

RACISMO FAZ MAL À SAÚDE MENTAL



A afirmação “RACISMO FAZ MAL À SAÚDE MENTAL” tem como premissa o notório e indesejável efeito do racismo, que pode se configurar como sofrimento psíquico. Reconhecer as expressões manifestas ou tácitas do racismo e seus efeitos em indivíduos e na coletividade é um primeiro passo para dimensionar suas implicações na conformação do sofrimento psíquico. É imprescindível que reflexões dessa ordem permeiem as relações sociais e comunitárias. É importante que as implicações do racismo estejam presentes, também, como parte do saber e fazer dos serviços de saúde e, sobretudo, nas práticas relacionadas mais diretamente à saúde mental. Propósito disso é o aprimoramento da atenção e do cuidado oferecido pela Rede de Atenção Psicossocial do SUS - RAPS, de modo a envolver em suas práticas, um olhar sobre os efeitos do preconceito e da segregação, referencialmente imbricados nas questões étnico raciais em nossa cultura. A questão racial é uma construção social e de coletivos. Entre outros aspectos, envolve questões éticas, políticas e culturais e está intrinsecamente associada aos determinantes de saúde. Essas considerações refletem um pouco daquilo de que se ocupa o Grupo de Trabalho sobre Racismo e Saúde Mental do Ministério da Saúde.

O Grupo de Trabalho sobre Racismo e Saúde Mental foi composto pela Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas - CGMAD/SAS, em parceria com o Departamento de Apoio à Gestão Participativa – DAGEP/SGEP, com a Politica Nacional de Humanização/SAS, o Departamento de Gestão da Educação na Saúde - DEGES/SGTES e o Departamento de Atenção Básica - DAB/SAS. Vem se reunindo mensalmente, desde abril de 2014, para discutir o tema Racismo e Saude Mental. Além de representantes do Ministério da Saúde é composto também por representantes da academia e representantes da sociedade civil organizada vinculada ao tema da questão racial e saúde mental. Entre os propósitos mais diretos desse grupo está o de delinear estratégias que culminem na consolidação do cuidado em saúde junto à RAPS, visando aprimorar a escuta e acolhimento aos usuários de seus serviços, bem como adotar práticas de promoção da saúde que compreendam negros e não negros por meio de práticas intersetoriais.

Nos debates desenvolvidos no Grupo de Trabalho sobre Racismo e Saúde Mental é reconhecida a necessidade de propiciar ao profissional de saúde, subsídios para que aguce seu olhar sobre as questões raciais e seus efeitos na conformação do sofrimento psíquico. Entende-se que as ações em saúde, por seu conjunto, devem ser dirigidas para todos os usuários e profissionais de saúde ou da rede intersetorial, e não exclusivamente à população negra. Há de se considerar o negro, que se angustia por sua condição, do mesmo modo que o não negro, que se angustia por não saber lidar com a questão racial e seus próprios valores. A logica de qualquer ação nesse campo é promover a quebra da repetição de condutas excludentes e do preconceito. Nesse sentido, a ampliação do preenchimento do quesito raça-cor é primordial para a formulação das políticas públicas de saúde, inclusive em saúde mental. A questão racial também não aparece de modo significativo no Projeto Terapêutico Singular, o que sugere que as estratégias de cuidado, usualmente, não consideram o pertencimento étnico e identitário do usuário.

Especificamente no que diz respeito ao tratamento em drogas, é imprescindível que o profissional de saúde esteja atento à equivocada vinculação racial aos problemas de dependência e homicídios. O racismo é uma violência que deve ser tratada em seu aspecto estrutural social. A criação, difusão e apropriação das tecnologias para lidar com a temática racial também é uma necessidade da Rede de Atenção Psicossocial. Para isso, é preciso fomentar ações de pesquisa e campanhas publicitárias de ampla divulgação à população, para além dos processos de sensibilização e envolvimento de profissionais de saúde.

Estabelece-se como perspectiva a realização de “campanha” para profissionais de saúde visando um conjunto de estratégias a ser desenvolvidas junto à RAPS, além de ampliar o debate sobre o tema. A formação profissional individualizada induz a pensar o sujeito como produtor da própria doença, daí a dificuldade em discutir temas que envolvem aspectos sócio históricos. Há um esforço da saúde mental de superar essa perspectiva individualizante da atenção. É preciso despertar para a dimensão social, para além da questão da doença. O que se pensa quando se pensa em “linha de cuidado”? É preciso olhar o sujeito na sua integralidade. Não é de doença que se trata, mas de tudo que provoca sofrimento. Olhar efetivamente para o sujeito é enxergar o que está por trás da queixa.

Ainda que se ressalte a sensibilidade humanística dos trabalhadores de saúde mental, há pouco acúmulo e reflexão que tangencie o tema étnico-racial na RAPS. Para além da saúde mental, é possível dizer que as produções que tratam com profundidade as relações entre racismo e sofrimento psíquico são escassas e pouco difundidas. É preciso recuperar a própria história da reforma psiquiátrica vinculada à questão racial.

Todas essas impressões produzidas no Grupo de Trabalho sobre Racismo e Saúde Mental estão em muitos lugares e precisam ser estimuladas para que se desdobrem em práticas melhores de saúde.

Aqui estão as primeiras conclusões do Grupo de Trabalho sobre Racismo e Saúde Mental. Esta exposição na Rede HumanizaSUS visa fomentar o debate, inaugurando um espaço para difundir e ampliar conceitos e estratégias sociais e de saúde que favoreçam a discussão acerca do Racismo e da Saúde Mental. É nessa perspectiva que criamos este perfil na RHS; compartilhar e trocar pontos de vista e reflexões que propiciem fundamentação às praticas do cuidado em saúde mental para atenção qualificada em saúde.

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Grupo de Trabalho sobre Racismo e Saúde Mental

P.S.: Na imagem acima, homenagem a Arthur Bispo do Rosário, o “Bispo”. Homem Negro sergipano que vestia o “Manto da Anunciação” à espera do apocalipse, data na qual ele teria a missão de entregar o mundo para Deus. Sua arte foi construída a partir de materiais coletados ao longo de sua pesquisa-mobilidade urbana, conhecida como mendicância. Sua produção consistia em categorizar e ornar em “mantos”: pertences, palavras, nomes, costuras, criações e tudo mais que registrasse uma memória coletiva que não deveria ser esquecida, e sim protegida!

Adendo: Ele circundava as mediações do que hoje é o Hotel da Loucura, continuidade do trabalho de Nise da Silveira no Rio de Janeiro – Ocupa Nise!




Meninas black power: “Não tenho vergonha de ser quem eu sou: negra”


Incentivada pelo trabalho do coletivo Meninas Black Power, estudante de 14 anos resolveu assumir cabelos crespos e diz que não se trata apenas de não alisá-los, mas de assumir sua verdadeira forma. “Hoje posso bater no peito e dizer que sou descendente de africanos e tenho muito orgulho disso. (…) De agora em diante, não vou ser influenciada pelas pessoas: eu vou influenciá-las”, afirma Nathane

Nathane sempre recebeu apelidos na escola por causa do cabelo crespo e da cor negra. “Eu ficava me perguntando: ‘por que eu nasci assim?’, ‘por que eu não tenho o cabelo normal, liso ou cacheado?’. Toda vez que eu olhava para o espelho, me achava feia, achava que as pessoas iam rir de mim. E, cada vez que isso acontecia, mais eu me frustrava”. Até que um dia, ao faltar à aula para alisar o cabelo, soube que coletivoMeninas Black Power havia visitado a escola onde estuda, no bairro de Tinguá, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Após se informar sobre o trabalho do grupo – que incentiva “a consciência do valor deste cabelo crespo natural e outras características naturalmente pretas”, “através de atividades educativas direcionadas para o público infantojuvenil e mulheres pretas” –, viu que não precisava ter vergonha de assumir suas características naturais.

“Quando eu falo em deixar o cabelo natural, não falo somente em não alisar os cabelos, mas sim em assumir minha verdadeira forma. Estou pronta para isso. E, quando as pessoas virem meu cabelo natural, vão saber que eu não tenho vergonha de ser quem eu sou: negra. Hoje posso bater no peito e dizer que sou descendente de africanos e tenho muito orgulho disso”, conta, em matéria publicada no site do Meninas Black Power. Atualmente, aos 14 anos, Nathane cortou toda a parte do cabelo alisada por química (técnica conhecida como big chop) e ostenta o cabelo crespo. “Tinha dúvidas, mas decidi que vou enfrentar meus medos e que, de agora em diante, não vou ser influenciada pelas pessoas: eu vou influenciá-las. (…) Quero que a professora Jaciana e as Meninas Black Power saibam que elas estão sendo muito importantes na minha vida, pois estão me ajudando a superar meus medos”.

Quem é a menina black power?
Por Jaciana Melquiades, para o Meninas Black Power,
Nathane já é conhecida nossa. Ela tem 14 anos, estuda na escola que atuamos em Tinguá e aos poucos vem construindo sua identidade de mulher preta e crespa. Passou pela transição. Trançou, retrançou, fez o big chop… e trançou de novo os cabelos imediatamente. Mas a vontade de ver seus cabelos livres falou mais alto! Um mês depois do big chop tirou as tranças e ostenta um crespo lindo. O pai deu a ela seu primeiro pente garfo: ele mesmo fez e relembra os tempos em que ele também usava os cabelos Black Power, na década de 1970. Pensamos então que seria bem bacana acompanharmos esse processo de perto. Antes, vamos conhecer um pouquinho mais dela. Temos dois relatos escritos por ela e uma entrevista que fizemos para que ela falasse de assuntos que nos são interessantes! Vamos ver?

O complexo

09 de Dezembro de 2013

Na escola sempre me colocavam apelidos por causa do meu cabelo ou da minha cor. No começo eu não ligava, mas começou a ser frequente. E eu ficava me perguntando: “por que eu nasci assim?”, “por que eu não tenho o cabelo normal, liso ou cacheado?”.

Toda vez que eu olhava para o espelho, me achava feia, achava que as pessoas iam rir de mim. E cada vez que isso acontecia mais eu me frustrava. Dava vontade de passar o dia dormindo. Quando me chamavam para sair, eu não ia, pois achava que não era digna de ser vista pelas pessoas.

Hoje em dia superei isso, estou aprendendo que não importa o que acham de você, mas sim o conceito que você tem de si mesmo. Mas às vezes esse complexo volta como pesadelo e não dá vontade nem de levantar da cama.
A decisão

15 de Fevereiro de 2014

Quando comecei a pensar em deixar de relaxar o cabelo, fiquei com muitas dúvidas. No meu coração eu sentia que seria bom, mas minha cabeça dizia que eu não ia gostar. Tinha medo do que as pessoas iam falar, mas ao mesmo tempo queria saber como seria minha vida se fizesse isso.

Tinha dúvidas, mas decidi que vou enfrentar meus medos e que de agora em diante não vou ser influenciada pelas pessoas: eu vou influenciá-las. Estou muito feliz, pois as pessoas que eu amo estão me apoiando nessa nova fase da minha vida. Um dos motivos que me levou a tomar essa decisão foram as pessoas que acreditam em mim e no meu potencial e quero que essas pessoas sintam mais orgulho de mim e não irei decepcioná-las. Quero que a professora Jaciana e as Meninas Black Power saibam que elas estão sendo muito importantes na minha vida, pois estão me ajudando a superar meus medos. Eu agradeço à Deus por ter colocado vocês na minha vida.

Com vocês estou aprendendo mais sobre meus antepassados, estou aprendendo que não é ruim ser diferente. Agora penso que cada vez que eu alisava o cabelo, eu rejeitava meus antepassados, eu rejeitava tudo o que eles sofreram para eu ser livre, para eu ter direitos na sociedade hoje.

Quando eu falo em deixar o cabelo natural, não falo somente em não alisar os cabelos, mas sim em assumir minha verdadeira forma. Estou pronta para isso. E quando as pessoas virem meu cabelo natural, vão saber que eu não tenho vergonha de ser quem eu sou: negra. Hoje posso bater no peito e dizer que sou descendente de africanos e tenho muito orgulho disso.

Entrevista

Esta entrevista foi feita dia 01 de agosto de 2014, um pouquinho antes do Big Chop.
MBP – Como foi que você percebeu que precisava mudar a forma como lidava com seus cabelos?
Nathane - Sempre alisei mas não tinha satisfação. Um dia faltei aula para ir ao salão alisar o cabelo e soube pelos meus amigos que vocês (Meninas Black Power) tinham ido à escola. Fiquei triste por não ter encontrado vocês mas fiquei curiosa pra saber do que falavam.

MBP – Qual foi a sua sensação quando viu tantas mulheres crespas juntas?
N - Me senti enganada. Sempre ouvi que meu cabelo era feio e vi em vocês que era mentira. Vi que eu não precisava ter vergonha do meu cabelo.

MBP – Como foi conversar com seus pais sobre a transição e a sua vontade de usar os cabelos crespos?
N - Minha mãe aceitou bem, mas meu pai teve muito receio porque eu já fui muito triste por causa do meu cabelo. Eu tinha um “complexo”, não queria sair de casa e ele ficou preocupado que esse “complexo” voltasse.

MBP – Como são os comentários que você já começou a ouvir?
N - Meus amigos apoiam, mas os comentários negativos de outras pessoas que nem conheço ainda me deixam triste.

MBP – Você pensa em relaxar o cabelo?
N - Não. De jeito nenhum.

MBP – Quais os desafios você acha que vai enfrentar usando seu cabelo natural?
N - Críticas, preconceitos, vou ter que enfrentar as pessoas que acham que eu tenho que ter cachos. Tenho primas que tem cachos, isso é visto com bons olhos, e as pessoas não conseguem entender que o que eu quero é deixar meu cabelo natural como ele é. Pensam que entrei em transição para relaxar. Acho que preferem não me ouvir. Não quero relaxar, nem cachinhos feitos no salão, quero meu cabelo natural como ele é.

Fonte: Brasil 247

MP denuncia Patrícia Moreira e mais três por injúria racial em jogo no RS

Patrícia Moreira na Arena do Grêmio
(Foto: Reprodução/ESPN)

Promotoria do Torcedor oferece denúncia à Justiça e pede medida cautelar.
Aplicação proibiria os denunciados de comparecerem aos jogos do Grêmio.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul, por meio da Promotoria do Torcedor, denunciou nesta terça-feira (28) quatro torcedores que praticaram atos de injúria racial contra o goleiro Aranha, do Santos, em partida realizada na Arena do Grêmio, em 28 de agosto, pela Copa do Brasil. Entre eles, está a jovem Patrícia Moreira, flagrada por câmera de uma emissora de TV gritando a palavra "macaco". Além de Patrícia, estão nos documentos os nomes de Éder Braga, que é negro, Rodrigo Rychter e Fernando Ascal.

Para que os quatro indiciados pela polícia há um mês fossem denunciados pelo Ministério Público, o goleiro Aranha teria de fazer uma representação formal contra os agressores. Entretanto, a Justiça entendeu que o registro de ocorrência feito um dia depois do fato bastaria para que o MP formalizasse a denúncia contra os torcedores. De acordo com a Justiça, no momento em que registou a queixa na polícia, o goleiro manifestou o desejo de que a investigação prosseguisse. Como o MP já via elementos suficientes para efetuar a denúncia, concluiu o procedimento após o aval judicial.

Na denúncia oferecida à Justiça, o Ministério Público pede a aplicação de medida cautelar proibindo imediatamente os denunciados de comparecerem a jogos do Grêmio. O promotor de Justiça José Seabra Mendes Júnior pediu que os torcedores se apresentem à polícia uma hora antes das partidas e que permaneçam na delegacia durante o desenrolar e até uma hora após serem encerradas. De acordo com a Justiça, no momento em que registrou a queixa na polícia, o goleiro manifestou o desejo de que a investigação prosseguisse. Como o MP já via elementos suficientes para efetuar a denúncia, concluiu o procedimento após o aval judicial.

A pena prevista por lei para os denunciados é de um a três anos de reclusão e multa. Caso aceitem o benefício de suspensão do processo, eles estarão proibidos, pelo prazo de um ano, de frequentarem estádios em todos os jogos do Grêmio como mandante ou visitante, devendo se apresentarem em delegacia indicada pela Justiça.

Entenda o caso
O incidente no jogo entre Grêmio e Santos, no dia 28 de agosto, na Arena do Grêmio, ocorreu aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, alegando ter sido vítima de xingamentos por parte da torcida. O juiz mandou a partida seguir, mesmo sendo alertado por jogadores do Santos dos incidentes que ocorriam fora de campo. A partida terminou em 2 a 0 para o time paulista.

A jovem mostrada pelas imagens do canal ESPN foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Patrícia Moreira era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida. Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia no dia 29.

Devido ao fato, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva confirmou em 26 de setembro a eliminação do Grêmio da Copa do Brasil. O clube havia entrado com recurso. A equipe perdeu três pontos e, por isso, o time não tem possibilidade de classificação numa suposta segunda partida contra o Santos, na Vila Belmiro.

Fonte: g1

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Dia 29 de Outubro - Dia Nacional Do Livro | 50 livros que os bebês devem conhecer antes de deixar as fraldas e as chupetas



Para comemora o dia 29 de Outubro, o Dia Nacional do Livro, apresentamos 50 livros que os bebês devem conhecer antes de deixar as fraldas e as chupetas. Boas leituras:





No bate-papo realizado em 01 de outubro, conversamos com Ana Paula Yazbek sobre a importância da leitura para bebês, discutindo possibilidades e desafios desse trabalho. Se você perdeu esse encontro, ele está disponível em nosso blog ( clique aqui).

Formada em Pedagogia pela USP, Ana é sócia diretora do Espaço da Vila, berçário que atende crianças de 0 a 3 anos, desde 2002, em São Paulo-SP. Além de acompanhar o trabalho das educadoras, atua também em cursos de formação pelo Centro de Formação da Escola da Vila e está concluindo a especialização em educação de crianças de 0 a 3 anos pelo Instituto Singularidades.

Junto com a equipe de nosso blog, Ana Paula se propôs a organizar uma lista de livros testados e aprovados pelos bebês, que você confere a seguir.

Todos estão à venda em nossa livraria e, se clicar aqui, você será redirecionado para nossa loja e poderá ler as resenhas que preparamos para cada um desses livros.

Boa leitura e boa diversão!

Observação: essa é uma seleção de títulos bastante pessoal e não tem a pretensão de cobrir a gama de livros editados nos últimos anos.