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sábado, 20 de agosto de 2016

MANIFESTO: Quando a fala do aliado cabe na boca do inimigo


O Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão estabeleceu novas regras para verificar a veracidade da autodeclaração prestada pelos candidatos e candidatas que concorrem às vagas reservadas para negros nos concursos públicos. A partir de agora, a pessoa que concorrer pelas cotas previstas na Lei 12.990/2014 será entrevistada por uma banca que confirmará se sua aparência condiz com sua autodeclaração. O mecanismo é semelhante àquele implementado e aprimorado pela Universidade de Brasília, cuja constitucionalidade foi validada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 186 (ADPF 186), proposta pelo partido Democratas. Comissões de desenho semelhante também são adotadas durante o processo de concessões de bolsas para negros no Instituto Rio Branco, bem como em concursos públicos de vários Estados e municípios brasileiros, como, por exemplo, na Prefeitura de São Paulo.

Embora a atuação de bancas seja um mecanismo considerado constitucional, a medida tem sido criticada tanto pela mídia tradicional quanto pela mídia progressista, com argumentos semelhantes. Do lado da mídia tradicional e inimiga não esperamos nada, apenas a defesa do retrocesso. Da mídia progressista, esperávamos, pelo menos, que ouvisse entidades do Movimento Negro antes de repetir argumentos rasos que cabem melhor na boca do inimigo. Entendemos que qualquer medida do governo interino/golpista deve, sim, ser vista com reservas, mas nossa luta e conquistas não podem ser desprezadas para fazer críticas ignorantes, sem conhecimento técnico e irresponsáveis sobre uma pauta histórica do Movimento Negro: a correção das desigualdades.

É surpreendente e decepcionante ver que, no afã de criticar o governo golpista, pretensos aliados como o Sakamoto, a Maria Frô e Jornalistas Livres na figura de Laura Capriglione, se valham de termos e argumentos construídos pelos conservadores que são inimigos de nossa causa e que já foram julgados e invalidados pelo STF. Demonstrando apenas quão falha é a comunicação dita alternativa, que se presta muito bem em informar questões políticas quando estas não estão diretamente relacionadas ao Movimento Negro brasileiro, afirmando seus lugares de privilégio racial e social do qual não querem se desprender uma vez que, quando apontados sobre o equívoco, nos ignoram e menosprezam, disseminando inverdades sobre a população negra deste país; como salvadores que são, preferem que brancos ocupem os lugares de negros através das cotas do que nos apoiarem na luta pela veracidade corpórea. No mais, reafirmam posturas racistas e criminalizadoras de nossas ações, endossando a retirada de nossos direitos já instituídos. Os supracitados só poderão ser verdadeiramente aliados quando recuarem, quando admitirem o erro e se posicionarem de forma diferente, enquanto isso não acontecer, veremos proliferar erroneamente posicionamentos contrários às nossas vidas.

A Lei de Cotas no serviço público foi aprovada em 2014 dentro da reserva do possível: Estados e municípios não foram incluídos e os poderes legislativo e judiciário tampouco. De forma semelhante, a lei não previu mecanismos para coibir fraudes, mas, sabiamente, não os proibiu. Concomitante à aprovação da lei, vieram os concursos públicos e, com eles, as primeiras denúncias de fraude. De meados de 2014 até o final de 2015 são inúmeras as denúncias feitas por pessoas negras lesadas por brancos mal intencionados que ocuparam nossos lugares. Como exemplo, podemos citar o caso do Itamaraty, em que dos seis aprovados nas vagas para negros, quatro foram considerados brancos pela banca multirracial, que só foi formada após determinação judicial.

Com a falta de ação do Poder Executivo, entidades do Movimento Negro buscaram apoio de membros do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública. Assim, a cada edital publicado, uma recomendação de retificação do Ministério Público era emitida para que uma banca fosse formada. Ao mesmo tempo, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) realizou audiências públicas e orientou seus membros a acompanhar de perto as denúncias de fraude e a implementação da Lei.

Em janeiro de 2016, após indícios de considerável quantitativo de candidatos brancos aprovados nas cotas para negros e percebendo o desinteresse do Ministério do Planejamento em coibir fraudes em seu próprio concurso, que já estava em fase de homologação e posse dos candidatos, o MPF e a Defensoria Pública entraram com ação contra o órgão no Judiciário solicitando a paralisação do concurso, que selecionou servidores também para a Escola Nacional de Administração Pública – ENAP, e a elaboração de orientações para que os órgãos da Administração Pública adotassem em seus concursos mecanismos de verificação da autodeclaração.

Diante dessa ação, e da forte militância, que lançou uma carta (link) publicada em diversos veículos de imprensa negra – que aparentemente os veículos progressistas não leram – e inclusive protestou em frente ao Ministério em janeiro, sendo recebida pelo Secretário-Executivo da época, Francisco Gaetani, o Ministério se comprometeu com a realização da banca para o concurso que se desenvolvia e com a publicação de orientações para todos os órgãos governamentais. Vale informar que as orientações contidas na Orientação Normativa nº 3/2016, publicada nesta semana, são apenas a primeira do acordo, pois o órgão pretende, após consulta pública, detalhar as orientações em normativos futuros de forma a garantir uniformidade de procedimentos entre as bancas.

No entanto, tudo isso não é suficiente, queremos mais: queremos um sistema de monitoramento que funcione, uma rede que proteja a população negra de ser discriminada por gestores racistas e que garanta o combate ao racismo e suas implicações em todas as repartições do governo federal. Nesse sentido, queremos também que veículos da esquerda, alternativos, estejam a par de nossas trajetórias e conquistas quando forem discorrer sobre nossas ações, ou até mesmo quando se contrapuser a qualquer medida governamental. Queremos ser consultados e consultadas, pois não admitiremos mais nada sobre nós sem nós, é inadmissível esse tipo de postura que só prolifera dúvidas infundadas e rasuras nas nossas lutas.

A publicação das orientações dessa semana é, portanto, fruto de uma luta que vem sendo travada há anos para garantir a presença de pessoas negras nos serviço público federal. A banca será composta por pessoas com diversidade de gênero, raça e naturalidade, de modo a refletir os diversos olhares que a sociedade pode ter do candidato. O critério é apenas a aparência, pois é assim que o racismo se estrutura na sociedade. Ninguém pede foto dos ancestrais para discriminar um negro e nem teste de DNA. Quem por qualquer razão se considerar negro, mas não tiver a aparência de um, pode continuar se identificando como tal, mas não será contemplado com esse direito, pois ele se reserva aos que são discriminados diariamente por sua cor.

É importante pontuar que a classificação racial pelo Estado não é uma inovação introduzida pelo sistema de cotas. Há muito tempo a certidão de nascimento informa a raça do recém-nascido e a polícia classifica os detentos e as vítimas segundo a sua cor. Nesses casos, a classificação racial nunca suscitou interesse por parte da mídia progressista. Nunca houve a acusação da existência de um tribunal racial. Até mesmo a metodologia do IBGE incorpora a chamada heteroidentificação, pois entrevista apenas um pessoa em cada residência, e, neste caso, a cor de cada morador é informada pelo entrevistado.

Frente às críticas, que tem por objetivo relativizar nossa luta, assumiremos o protagonismo de nossas demandas. Cabe a nós, negros, dizer o que é ou não um tribunal racial. Tribunal racial é o que enfrentamos todos os dias desde que nascemos. Tribunais raciais estão espalhados por toda a sociedade e nos julgam diariamente pela nossa cor e aparência, definindo quem é belo ou feio, bom ou ruim ou mesmo quem deve viver ou morrer jovem cravejado de balas pelos agentes de Estado, que sabem muito bem quem é negro ou branco ou amarelo nesse país.

O que queremos é que políticas públicas forjadas na nossa luta tenham critérios que viabilizem a coibição da fraude por parte das pessoas brancas e a entrada de pessoas negras (de verdade) no serviço público. E o que ainda precisamos bradar em pedidos é que a mídia alternativa da esquerda, pretensamente preocupada com o racismo, NOS RESPEITE, não fale em nosso nome, não fragilize nossas demandas, não exponha políticas que estão sob o fio na navalha nessa conjuntura, não deturpe nossas pautas, enfim, que se importe minimamente com o que de fato acontece com pessoas negras a ponto de saber do que está falando, de se dar ao trabalho de ler e conhecer a nosso respeito, ao invés de falar sobre o que desconhece com argumentos como a da “Carta dos intelectuais contra as cotas”, ou do Partido Democratas, ou Ali Kamel, Demétrio Magnoli e tantos outros inimigos do povo negro no Brasil.

Entidades que assinam essa carta (ordem alfabética):
  • Blogueiras Negras
  • Coletivo Nacional de Juventude pela Igualdade Racial – Conajir
  • Educafro
  • Nosso Coletivo Negro do DF

Pessoas que assinam essa carta:

  • Danilo Lima
  • Dalila Negreiros
  • Djamila Ribeiro
  • Jéssica Hipólito
  • Joice Berth
  • Juliana Gonçalves
  • Laura Astrolábio dos Santos
  • Maitê Freitas
  • Marilandia Frazão de Espinosa
  • Renata Martins
  • Stephanie Ribeiro
 
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Imagem – Citizen Journalism
Fonte: Blogueirasnegras

"Cala-te : quem reage, dança"

Crédito: Friedemann Vogel/Getty Image

por *Edson Lopes Cardoso,
Ginástica mental. Uma operação complicada para o jovem ginasta: a aceitação pragmática da negação desumanizadora. Ângelo tinha que pensar, numa fração de segundo, que o filho do treinador (Marcos Goto) era parte do grupo e que sua carreira muito provavelmente dependia da reação à agressão racista. Quem reage, recebe o que Aranha, ex-goleiro do Santos, recebeu, todos sabem.

De um lado, o corpo negro do ginasta, de outro os sacos de lixo. Ou melhor, de um lado os corpos brancos dos ginastas, divertindo-se, e de outro o saco de lixo, Ângelo Assumpção.

Lixo, lixão, corpos negros, sacos de lixo – você não precisa estar ligado na CPI do extermínio de jovens negros para perceber que o corpo de Ângelo Assumpção acaba de ser lançado simbolicamente na vala, no lixão.

A ligação simbólica, nós aprendemos, se apoia na estrutura do real. As imagens e os símbolos da rejeição se interpenetram, cruzam-se e precisamos estar atentos aos significados do simbolismo que envolve a comparação feita pelos atletas da seleção brasileira de ginástica. Lugar de negro, principalmente na faixa etária de Ângelo Assumpção, é no lixão. Risos?

A mãe de Ângelo parece que falou alguma coisa. Ângelo não vai falar. Pelo menos, não o que nos interessa. Artur Nory, Felipe Arakawa e Henrique Flores já se desculparam pela “brincadeira”. Na dita brincadeira, os ginastas brancos reafirmaram sua superioridade diante de Ângelo e deixaram claro, também, através da linguagem e das atitudes, que Ângelo representa outro grupo, o do lixo. Procura sua turma, cai fora.

Entre nós é profunda a crença de que a discussão aberta e explícita do racismo deve ser evitada. Constrange e parece não promover avanços nem instituir novas práticas. O fato é que temos, de um lado, a “maldição da cor” e, de outro, temos esforços bem sucedidos para interditar o debate sobre racismo. Na rádio CBN, o bate-papo sobre racismo na seleção brasileira de ginástica olímpica (21.05.2015, programa “Hora de expediente”) levou um pouco mais de dois minutos e camuflou a palavra maldita.

Dan Stulbach referiu-se uma vez ao termo na expressão “...quanto está naturalizado este tipo de racismo na sociedade brasileira, tratado como brincadeira”. Naturalização nesse contexto significa que eventuais penas devem ser atenuadas. O racismo é apresentado como elemento da vida cotidiana – mas para inocentar as pessoas que discriminam. As práticas discriminatórias não seriam percebidas como violência extrema, porque passariam longe da consciência dos autores, pobres vítimas inocentes da “naturalização”. Há cinismo e astúcia na manobra.

No país que fuzila jovens negros sem piedade, as considerações de jornalistas sobre atos de discriminação racial e incitamento ao racismo praticados por jovens brancos (“meninos”, “rapazes”) valorizam a chamada pena “didática”, que seja “um exemplo para que não se repita mais”. Os rapazes vão ficar sem a merenda durante trinta dias.

E Ângelo Assumpção? Milton Jung da CBN disse que “muitas vezes o alvo das críticas acaba não reclamando, porque o fato de ele reclamar ou reagir contrariamente pode gerar uma exclusão daquele ambiente, e quando naquele ambiente a oportunidade que o esporte oferece é a de uma ascensão, etc., de um sonho que você realiza, e você acaba aceitando isso, não reagindo da maneira como você deveria talvez. Mas realmente é muito complexo esse processo”.
Que “ambiente” esse, francamente. Releiam o que disse o Jung: críticas. Ângelo teria sido alvo de “críticas”. Na hipótese de reação, o tal “ambiente” fatalmente o excluirá. O que é exatamente complexo no processo? Que Ângelo não possa suportar a grande pressão do ambiente racista? A desumanização, a coisificação, a negação de suas possibilidades como atleta? O desafio gigantesco de alcançar êxito, numa sociedade cujos processos de dominação destinam-se a negar, manipular, conter e reprimir seu corpo?

Os atletas brancos foram punidos “didaticamente”. O modo como se divertem, o comportamento do grupo, comunica mais que indícios de que se sentem seguros de que compartilham valores e práticas: “outros pensam e agem como nós”.

Uma resistência furiosa com a divulgação do episódio, profundamente contrariada, produz o silêncio e a imobilidade. Os personagens foram todos blindados, o noticiário se esvaziou rapidamente. Silêncio, silêncio, silêncio. Ângelo Assumpção, não sei não, pode estar encerrando uma promissora carreira.
 
 
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*Edson Lopes Cardoso
Jornalista e Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo

Fonte: Bradonegro.

DESABAFO DE UM CAMPEÃO TRISTE!


Desabafo de Isaquias Queiroz, um brasileiro campeão mundial, e triste.

por Jefferson Sestaro
Isaquias Queiroz, de Ubaitaba/BA, atleta da seleção brasileira de canoagem, que foi recentemente campeão mundial de C1 sênior e já havia sido campeão mundial de C1 júnior em 2011, publicou em seu perfil do Facebook, um desabafo emocionante, onde merece reflexão do quanto vários atletas são esquecidos, quando põe o nome do seu país no topo do mundo, enquanto para outros, que ganham salários milionários por estarem no horário nobre após a novela, se vêem envolvidos em escândalos, baladas, bebidas, drogas, entre outras coisas mafiosas. Segue o relato, na íntegra, de autoria de Isaquias Queiroz.

(sic)

DESABAFO DE UM CAMPEÃO TRISTE!
"Boa noite, senhores não tenho medo de falar toda a verdade, no ultimo mês fiz minha nação feliz e em especialmente minha sagrada terra Ubaitaba ao ganhar por primeira vez um titulo de Campeão Mundial, primeira vês na categoria sênior, a medalha de bronze tem um valor mais que especial por que a prova dos 1000m metros é olímpica, amanha darei inicio aos meus treinamentos, um novo ciclo que começa rumo ao Rio 2016, com uma miserável dor no peito,estou escrevendo a historia do meu pais com o remo, meu remo é minha arma com ele matei as drogas e a pobreza, não sou triste de ser pobre mais sou feliz por que estou derrubando todas a as barreira. Ainda não caiu a ficha de ser o atual campeão mundial e o terceiro melhor do mundo em uma prova olímpica por que não mudou nada em minha vida financeiramente falando, muitas pessoas me vem como exemplo, mas na verdade estou com uma tristeza transfigurada, quase depressão, que as vezes sinto uma grande vontade de jogar tudo pro ar e voltar as ser o (Sem rim) aquele moleque travesso e feliz é gente falei feliz… Uma tristeza na alma todos me olham sorridente mas dentro do meu sorriso esconde a verdade que hoje irei compartilhar com todos vocês. Um repórter me perguntou qual foi minha sensação de ter ganhado o Mundo? E eu lhe respondi: Pensei no dia que voltaria pra casa pra rever meus amigos e familiares em especial minha guerreira mãe, mas na verdade por outro lado sentir uma tristeza, uma enorme tristeza por que sabia que meu titulo não iria mudar em nada minha atual condição, que a Confederação Brasileira de canoagem não me daria nada como não me deu nada quando fui Campeão Mundial júnior mas um titulo inédito para meu pais em agosto de 2011, pois é todos pensam que essas medalhas que conquistei na Alemanha foi a primeira, mas na verdade já coleciono 4 medalhas mundiais com apenas 19 anos . Sem contar com o Festival Olímpico na Austrália 2 ouros em janeiro 2013 e 1 ouro e 1 prata na Copa do mundo Poznan Polônia um fato curioso é que nessa mesma Etapa so que na Hungria um amigo do Equador Cesar de Cesare ganhou também 1 ouro na distancia de 200m e como premio Recebeu uma casa sem falar os valores em dinheiro, Equador é um Pais de 14 milhões de habitantes, em comparação ao Nosso (Gigante) Brasil que vira um anão na hora de reconhecer seus verdadeiros talentos que tem que pagar para representar a nível Internacional como meus outros companheiros… Agora tenho que assinar uns documentos da Confederação ,pedem para dizer que tenho 2 remos que na verdade nunca chegou em minhas mãos, dedico minha vida inteira a canoagem e a Confederação nada faz por mim, tenho um documento em mãos que quando ganhei o mundial em 2011 meu ex treinador ganhou 10 mil por medalha e naquela ocasião ganhei duas, na soma são 20mil reais e para mim o presidente me levou para comer no Mac Donald. Duas medalhas inéditas do mundial júnior tem o valor de 40 reais isso para mim que nada ganhei. Já vai fazer um mês do meu inédito titulo na Alemanha e mas uma vês a tal confederação nada me deu nada me dará… e como em no nosso Pais tudo acaba em pizza, Mas quero que meu esforço seja reconhecido como se deve meu suor é sangue o derramo todos os dias em busca de uma vida melhor para mim e para minha família minha mae tem 10 filhos e antes dela partir quero faze-la feliz ter a oportunidade de dar tudo do bom e do melhor e quem sabe a sua sonhada casinha como ela merece, mas para isso necessito que nossos governantes faça chegar a fatia do bolo para quem realmente tem fome, por que nem os farelos estão deixando cair ao chão. Um fato mais, recebi uma multa de 1.000 reais por sair em uma foto que nem me dei conta que estava sem a blusa do Patrocinador oficial da confederação injustamente mas minha pergunta é, por que não tive direito a defesa? Por que tiram o dinheiro que com esforço ganho para enviar todo mês para minha mãezinha, para me multar por que realmente esqueci a camisa do Patrocinador foi rápido cruel e fácil de me tirar 1.000 reais ne? Agora para me pagar o que mereço pelas minhas conquistas nunca dar nunca tem…Já estou cansado de escutar tanta desculpas e falsas promessas. Fato semelhante que aconteceu com outro atleta da Bahia ele ganhou medalha de prata c2 1000m Jogos pan-americano Rio de Janeiro 2007 e com demais atletas, entre caiaques e Canoa, os atletas do sul receberam o pagamento por medalha e meu companheiro da Bahia não recebeu nada, mas a Confederação vai ter que engolir por que o, primeiro campeão Mundial da Historia da Canoagem não é do Sul e sim da Bahia terra de todos os Santos e Nunca jamais vao poder apagar a Historia de que um baiano de Ubaitaba nome Tupy Guarany que significa Cidade das Canoas.

Também já faz tempo que estou indignando com atual situação no Ct Guarapiranga, existe 40 atletas do Caiaque com todas as categorias e a Canoa que faz os resultados acontecerem quem sustenta a Confederação Brasileira, temos participações nas duas ultimas edições dos jogos olímpicos e so temos 12 atletas sem contar que noa são atletas da Base, tenho meu companheiro Dalvan Luz que se classifico 2 vezes para estar concentrado e por duas vezes não o convocaram que vergonha que sinto dessa confederação e vejo Atletas do Caiaque que não apresentam resultado e permanecem na seleção, vejo atletas do Caiaque de menores de idade indo para baladas bebendo, outro fato é que presenciei que 4 atletas do (CAIAQUE) duas meninas e dois meninos foram para escolar e ao entrar para assistir aula estavam bebendo, resumindo as duas meninas por perseguição foram expulsas e os outros atletas masculinos que não apresentam nenhum resultado não foram punidos.

Agora vou esperar que punição a confederação Brasileira me dê por dizer a verdade e ficarei na eterna esperar pelo reconhecimento em dinheiro das minhas medalhas. Aguardando resposta do meu querido Presidente Joao Tomasine, não estou batendo de frente com ninguém estou desabafando toda minha fúria. Estou pensando seriamente e m abandonar a canoagem já não aguento mais apresentar bons resultados e não ter mudança significativas em minha vida.
Saudações Canoísticas
Isaquias Queiroz dos Santos
Campeão Mundial, 2011, 2013".

Fonte: Sestaro.

Robson Conceição diz que boxe salvou sua vida e critica redução da maioridade penal

Lutador brasileiro conseguiu o primeiro ouro para o País na história do esporte, fez críticas sociais e contou sua história de superação

 Robson Conceição foi o primeiro boxeador brasileiro a conseguir uma medalha de ouro em Olimpíadas 
(Getty Images)
 
Após conquistar a primeira medalha de ouro do Brasil no boxe olímpico, o pugilista Robson Conceição cobrou nesta quarta-feira (17 de agosto) mais investimentos do governo em programas sociais e criticou os setores da sociedade que defendem políticas voltadas para a redução da maioridade penal. O atleta recordou a infância humilde na periferia de Salvador e disse que a prática esportiva foi determinante para mantê-lo afastado da criminalidade.

Robson tratou do encarceramento de jovens periféricos ao falar sobre a medalha de ouro conquistada pela judoca Rafaela Silva. Assim como o pugilista, a atleta ingressou no esporte por meio de projetos sociais que foram desenvolvidos na favela da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.

“Eu e a Rafaela viemos de comunidades humildades e surgimos em projetos sociais. Não acho justo punir crianças. Isso seria totalmente diferente. Deveríamos, sim, investir mais em projetos sociais e fazer crianças e adolescentes praticarem esportes” afirmou Robson, de 27 anos.

O pugilista disse que conheceu o boxe por caminhos tortuosos. Quando criança, ele queria seguir o exemplo de um tio chamado Roberto, famoso em Salvador por arrumar brigas durante as festas de Carnaval. “Meu tio era muito brigão. E era muito famoso por isso. Queria seguir o exemplo e brigar na rua. Mas conheci o boxe e isso mudou a minha vida. Muita gente fala que o boxe é violento, mas eu só era violento antes de conhecer o boxe”, afirmou.
“[Se não tivesse conhecido o boxe], acho que nem estaria vivo por conta da violência e das mortes que ocorrem em Salvador. E pelo fato de que brigava muito na rua. Hoje ninguém mais quer isso. Ninguém mais que tomar soco de ninguém. Se não fosse pelo boxe, eu teria uma história diferente”, acrescentou.
O atleta contou que no início da carreira corria nove quilômetros para chegar na academia onde praticava o esporte. Robson retornava para casa após a meia-noite, mas acordava ainda de madrugada para ajudar a avó que trabalhava como feirante. Ele crê que todas as privações que enfrentou durante a vida serviram de motivação para seguir na busca da medalha olímpica.
“Minha família era muito guerreira. Todos trabalhavam muito e nunca deixaram faltar o pão em casa. Também fazia os meus corres, cheguei a vender picolé. Isso eu tirei de bom da minha vida. Essa vontade de trabalhar eu transferi para o boxe. Fico muito feliz pelo sacrifício de todos, pelas abdicações. Hoje estou sendo recompensado”, declarou.
Robson já havia disputado as competições olímpicas de Pequim 2008 e Londres 2012, mas foi eliminado logo nas primeiras lutas em ambas ocasiões. No Rio de Janeiro, ele se sagrou campeão na terça-feira ao derrotar o francês Sofiane Oumiha por decisão unânime, com 3 a 0 (30-27, 29-28 e 29-28) , na categoria peso-ligeiro (até 60kg).

Fonte: Foxsports.

Negra, pobre e Silva: o primeiro ouro da Rio 2016 é a cara do Brasil


Rafaela Silva exibe sua medalha
A judoca Rafaela Silva é a primeira, pelo Brasil, a subir ao lugar mais alto do pódio na Rio 2016

por Gustavo Moniz, 
Na Olimpíada de Londres 2012, a judoca Rafaela Silva já era esperança de medalha para o Brasil. Mas o que era para ser a consagração de uma jovem talentosa, moradora da Cidade de Deus, uma das mais emblemáticas favelas do Rio de Janeiro, virou um episódio desagradável em questão de segundos. A tentativa de um golpe irregular e a consequente eliminação na luta preliminar dos Jogos quase encerrou sua carreira. A derrota foi seguida de comentários racistas nas redes sociais, que abalaram tanto a atleta que ela precisou ser convencida a voltar aos treinos. Hoje, quatro anos depois, em casa, ela entrou para a história ao conquistar para o Brasil a primeira medalha de ouro da Rio 2016 e a memória da agressão veio com êxtase e choro: "O macaco que tinha que estar na jaula hoje é campeão", falou à TV Globo após a conquista da categoria peso-leve.


Londres esteve o tempo todo presente na cabeça de Rafaela Silva nesta segunda-feira. A segunda luta dela foi exatamente contra a húngara Hedvig Karakas, adversária da fatídica eliminação nos Jogos de 2012. "Eu tinha visto a chave e esperava que a gente se cruzaria. Eu só não pensava que iria sentir aquela sensação de novo", contou. "Depois de ser eliminada em Londres, não tem como segurar a emoção na hora do hino", disse a judoca ao canal Sportv, ainda com a medalha no peito, logo depois de descer do lugar mais alto do pódio.


A retomada da carreira aos 24 anos — que culminaria no ouro que é a cara do Brasil: de uma negra, pobre e Silva — é fruto de muito trabalho no tatame e também fora dele. Rafaela Silva contou com o apoio de uma psicóloga para refazer a ideia que tinha de si mesma. Aos poucos, a judoca voltou a acreditar que poderia ser campeã. Conquistou o mundial em 2013 e teve uma recaída na sequência. A recuperação durou dois anos. "Pensei que fosse largar o judô depois da minha derrota em Londres. Comecei a fazer um trabalho com minha psicóloga e ela não me deixou abandonar o judô. Meu técnico também me incentivava a cada dia. Em 2014 e 2015 não tive bons resultados, estava meio desacreditada. Falaram que eu era uma incógnita, mas eu vim, treinei ao máximo e o resultado veio". Rafaela começa a erguer a história do judô brasileiro na Rio 2016, a modalidade que mais deu pódios ao país em Jogos Olímpicos ao lado do vôlei, após a decepção com a eliminação de duas promessas do tatame no sábado.

Em uma coletiva de imprensa convocada nesta terça-feira, Rafaela voltou a falar de Londres. Contou que, depois da derrota, chegou a pensar em em parar de lutar. "Recebi todas as críticas pela forma que perdi e só queria ser amparada pela minha família. Voltei a treinar no final de 2012, voltei a competir em 2013 e ganhei o mundial no Rio de Janeiro. Então acreditei que poderia voltar a disputar uma Olimpíada".


 Rafaela Silva chora. 
photo:KAI PFAFFENBACH REUTERS


Para que não perdesse o foco nesta competição, deixou o celular no modo avião e só falava com sua família. Nesta terça, após dormir apenas quatro horas, foi acordada às 8h por pessoas que queriam abraçá-la e ver sua medalha. E quando voltou a abrir seu Instagram, viu que o número de seguidores havia passado de 10.000 para 90.000. Recebeu mensagens de apoio até de esportistas já famosos, como a jogadora Marta e o jogador Neymar. A ficha, disse, ainda não caiu.

Entre os agradecimentos, uma homenagem especial às crianças que são suas companheiras de treino no Instituto Reação, projeto social de Flavio Canto, medalhista de bronze em Atenas 2004. Criado em 2003, o Instituto atende mais de 1.200 alunos, entre os quais está Rafaela. Lá, explicou nesta terça, foi amparada desde que começou. Ganhou um quimono de presente — "bem maior que o meu corpo!" — e, como sua família não tinha dinheiro, seus professores tiravam do próprio bolso para que ela pudesse viajar para competir. Lembrou também que "era uma criança muito agressiva" e que, se não a deixavam brincar, começava a brigar. "Lá no instituto eles me cobravam muito. Não só treino, mas também a parte social. Não adianta você ser atleta se a sua educação e vida social não batem com o esporte", contou Rafaela, que também é uma das atletas que representam o Brasil nos Jogos Militares. Ela é terceiro sargento da Marinha e faz parte do Programa de Alto Rendimento do Ministério da Defesa.

"É muito bom para as crianças que estão assistindo ao judô agora. Ver alguém como eu, que saiu da Cidade de Deus, que começou o judô com cinco anos como uma brincadeira, ser campeã mundial e olímpica, é algo inexplicável. Se essas crianças têm um sonho, têm que acreditar que pode se realizar", disse Rafaela Silva. Sob o quimono, no bíceps direito, ela já havia tatuado o seu: "Só Deus sabe o quanto sofri e o que tive de fazer para chegar aqui", diz a frase que fez desenhar sobre anéis olímpicos coloridos.

Fonte: Brasil.ElPais